junho 29, 2010

Crédito de empresas cresce menos que o do consumo



    Aline Lima, Adriana Cotias, Cristiane Perini Lucchesi e Vera Saavedra Durão, de São Paulo e do Rio
    Valor On Line
O financiamento para as empresas não voltou ainda a atingir o nível observado antes da crise financeira
Desde março, o saldo dos créditos livres para pessoas físicas, de R$ 502,3 bilhões, ultrapassa o volume destinado às empresas, algo inédito na série do Banco Central, iniciada em 2005. O número mostra não só um grande apetite por crédito ao consumo, mas também uma demanda menor que a prevista pelos bancos por parte das pessoas jurídicas. A percepção geral entre os bancos privados é de que há mais oferta de financiamentos na praça do que demanda de tomadores. O financiamento para as empresas não voltou ainda a atingir o nível observado antes da crise financeira.
No Bradesco, os desembolsos para o varejo crescem 40% acima das concessões para empresas. Com crescimento previsto de 25% a 29%, seriam elas que puxariam a expansão da carteira de crédito, avalia Nilton Pelegrino, diretor de empréstimos e financiamentos. "A procura está um pouco menos acelerada que o previsto", diz Rogério Calderón, diretor de controladoria do Itaú Unibanco. Segundo dados do BC, o avanço no ano é de 7,8% até maio.
Uma das explicações para a relativa redução do apetite por crédito das empresas é a alta do custo do dinheiro desde o fim de 2009. Outra é a boa oferta de dinheiro a taxas sedutoras pelo BNDES. "Grandes empresas estão substituindo o crédito livre pelas linhas do BNDES, que são mais baratas", afirma Luiza Rodrigues, economista do Santander. Pelegrino, do Bradesco, minimiza essa concorrência, mas constata que há uma procura muito grande por repasse das linhas do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES. "Nunca se vendeu tantas máquinas e caminhões", afirma.
Aberto no dia 11 de junho, as inscrições para utilização de uma nova linha do PSI, destinada a financiar as exportações de bens de consumo, foram suspensas no dia 18. A causa foi a gigantesca demanda das empresas. Seu custo é de 7% ao ano em reais e, a partir de 1º de julho, 8% ao ano, com prazo de empréstimo de 18 meses. Segundo os bancos, há empresas que trocaram outros tipos de crédito por esse, de condições mais vantajosas. Até mesmo companhias estrangeiras teriam trocado investimento externo direto pela nova linha.