julho 29, 2010

PT paga R$ 3,2 bilhões a controladores da Oi


    Graziella Valenti, Heloisa Magalhães e Vera Saavedra Durão, de São Paulo e do Rio - valor economico

A entrada na Oi é de grande complexidade societária e o ingresso na Telemar Participações envolve R$ 4,7 bilhões
Para receber o cheque de € 7,5 bilhões da Telefónica pela venda de sua participação na Vivo, a Portugal Telecom deixou R$ 3,2 bilhões para os controladores da Oi, Andrade Gutierrez (AG) e La Fonte (LF Tel), e mais R$ 1,1 bilhão para os fundos de pensão das estatais Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Esses desembolsos garantiram que a operação saísse num prazo muito curto.
A Portugal Telecom, que deixa a Vivo e entra na Oi, onde terá cerca de 23% tanto no bloco de controle como de participação econômica, colocará até R$ 8,4 bilhões na nova sociedade, sendo que cerca de 65% desse total será dinheiro novo para fortalecer a empresa. Como parte do negócio, a Oi deverá ter 10% da Portugal Telecom, no lugar hoje ocupado pela Telefónica.
A entrada na Oi é de grande complexidade societária. A transação envolve um aumento de capital de R$ 4,2 bilhões na holding não listada do grupo, a Telemar Participações, onde estão os controladores e o acordo de acionistas, e mais outro, de R$ 12 bilhões, em cada uma das empresas listadas na BM&FBovespa - Tele Norte Leste Participações (TNLP) e Telemar Norte Leste (TMAR).
O ingresso na Telemar Participações envolve R$ 4,7 bilhões. Cada controlador, AG e LF Tel, receberá R$ 1,6 bilhões para que a PT tenha 35% em cada um. Desse valor, só R$ 820 milhões serão repassados por eles à Telemar Participações no aumento de capital. O restante será embolsado. Além disso, a PT pagará R$ 1,1 bilhão para comprar participação direta de 10% nessa holding em mãos dos fundos de pensão e desembolsará R$ 424 milhões no momento do aumento de capital. Terá assim, direta e indiretamente, 23,5% da holding.
Embora tenha desagradado ao mercado no curto prazo, uma capitalização de R$ 12 bilhões permitirá que a Oi retome a capacidade de crescer mais agressivamente. Cerca de R$ 10 bilhões devem engordar o caixa da empresa, que tem hoje uma dívida perto de R$ 30 bilhões.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e representantes dos fundos de pensão acompanharam de perto, desde o início, as negociações, que tiveram como principais articuladores Pedro Jereissati, pelo lado da Oi, e Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez.
A Telefónica conseguiu, enfim, consolidar seus negócios no Brasil e aumentar de tamanho, com a integração das telefonias fixa e móvel. Somará mais € 3 bilhões em receitas e sinergias de € 2,8 bilhões.