Ofensiva do Santander no crédito
Valor Economico | |||
Sob o olhar atento dos investidores que compraram seus papéis na bilionária oferta pública do ano passado e que esperam o cumprimento das promessas feitas na ocasião, o Bancos de médio porte relatam que a instituição espanhola passou a atuar na compra de carteiras de crédito consignado, segmento no qual até meses atrás não atuava de forma consistente. E, para ampliar sua participação em um mercado geralmente dominado por nomes como Ao mesmo tempo, empresários dizem que, desde o início do ano, voltaram a ser procurados pelo banco com oferta de linhas, depois de quase dezoito meses de certa paralisia. "O banco voltou a ser o que era o ABN Amro Real antes da compra pelos espanhóis, oferecendo crédito e aprovando operações de financiamento de prazo mais longo", relata um empresário que, nos últimos quatro meses, conseguiu fechar com o banco financiamento da ordem de US$ 40 milhões, com prazo de quatro anos. O volume equivale a cinco vezes o crédito que a mesma empresa havia conseguido aprovar no Santander nos 18 meses anteriores. No segmento de crédito consignado, não só o banco tem atuado para originar suas próprias operações como tem partido para a compra de carteira de bancos médios. Segundo relatam executivos dessas instituições, que preferem não ser identificados, o banco começou a se arriscar nessa seara no ano passado, mas foi a partir de 2010 que tornou-se mais ativo. Atualmente, segundo o Valor apurou, o Santander tem cobrado taxas menores dos bancos médios na compra das carteiras, numa tentativa de abocanhar fatias de mercado. Enquanto os demais bancos têm assumido as carteiras em troca de uma remuneração de taxa do interbancário (CDI) mais 2,5%, o Santander chega a oferecer CDI mais 2%. Ou seja, o custo de captação de recursos dos médios nas operações com o Santander está mais baixo. Visto de outra forma, a instituição espanhola tem obtido spread menor que a concorrência. Procurado, o Santander não quis comentar as informações e limitou-se a dizer, por meio de sua assessoria de imprensa, que segue operando de forma usual. Não é pequena a pressão para que o Santander faça crescer sua carteira de crédito - e, por consequência, seus ativos - e que também rentabilize seu patrimônio líquido, o maior do mercado. Desde que captou R$ 13,8 bilhões em outubro do ano passado, na maior oferta de ações do país em 2010, seus papéis apresentam o pior desempenho entre os grandes bancos brasileiros (ver gráfico). No primeiro trimestre, o banco apresentou crescimento irrisório de 2% em sua carteira de crédito (sobre igual período do ano passado), com destaque negativo para o segmento de pequenas e médias empresas, com retração de 6,7%. O banco vem dizendo que, a partir de março, o quadro mudou. Mas analistas e investidores esperam para ver se o desempenho do segundo trimestre refletirá uma reação. Os dados de crédito do Banco Central relativos a maio, os últimos disponíveis, deixaram os analistas desconfiados. Mostram que o saldo de empréstimos dos bancos estrangeiros cresceu apenas 1,1% sobre abril, enquanto os bancos privados nacionais avançaram 2,1% e os públicos, 2,6%. Ou seja, os estrangeiros seguem perdendo participação de mercado no ano. Os números não são abertos por instituição, mas sabe-se que o Santander responde por cerca de 55% da categoria estrangeiros. O que os números sugerem é que ou os demais estrangeiros estão até mesmo encolhendo ou o Santander continua tendo desempenho abaixo das expectativas. A dúvida será sanada com a divulgação dos resultados semestrais. |


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