Comando da Petrobras dobra aposta na empresa
Capitalização: Diretores e principais executivos investem R$ 10,8 milhões no aumento de capital da estatal.
O comando da Petrobras - conselho de administração, a diretoria e a gerência executiva - praticamente dobrou o investimento direto em ações da empresa em setembro, mês da oferta de ações da estatal.
A maior parte dos papéis foi comprada na distribuição pública, mas algumas operações foram feitas diretamente na bolsa de valores.
A carteira total, que era de cerca de R$ 11,5 milhões tendo em conta a posição acionária detida um mês antes da capitalização, aumentou para R$ 22,3 milhões ao fim de setembro.
Os valores foram calculados com base no preço de venda das ações na oferta pública - R$ 29,65 por ação ordinária, com direito a voto, e R$ 26,30 por papel preferencial, sem voto. Foram consideradas somente as ações detidas diretamente. Não entraram na conta cotas de fundo da Petrobras com recursos do FGTS nem opções de ações.O volume comprado não representa um montante relevante ao se comparar com o valor global da operação, que totalizou R$ 120,25 bilhões. Mas pode ser encarado como um voto de confiança dos gestores da empresa na melhora das cotações dos papéis no médio prazo.
É possível dizer que a aposta no bom desempenho da estatal aumentou porque, se quisessem apenas não ser diluídos, bastava que esses executivos do alto escalão elevassem a posição em 50%, que foi o percentual de elevação do capital social.
"Essa é uma sinalização de que eles têm uma boa perspectiva para a empresa, o que pode reforçar essa visão por parte dos demais investidores", explica o professor do Insper Ricardo Almeida, que destaca que essa é a visão teórica da academia sobre casos semelhantes.
Ele ressalta, no entanto, o fato de que havia um incentivo financeiro para que os funcionários da estatal participassem da oferta. Conforme o prospecto da operação, para cada 100 ações que os empregados da Petrobras comprassem na operação, eles receberiam outros 15 papéis gratuitamente.
"Esse bônus de 15% deve ter sido preponderante na decisão. Mesmo com a forte queda dos papéis nos últimos dias, os funcionários ainda estão com ganho", explica Almeida.
Para ter esse benefício, os colaboradores precisaram se comprometer em ficar com as ações por no mínimo um ano.
No anúncio de encerramento da operação, a companhia informou que um total de 14,9 mil funcionários entraram na oferta, adquirindo 2,5 milhões de ações ordinárias e 22,8 milhões de ações preferenciais, num total financeiro de R$ 675 milhões.
Dentro desse total, a única parte detalhada se refere àquelas ações compradas por conselheiros de administração, diretores e membros de "órgãos técnicos e consultivos", conforme a terminologia usada pela companhia.
Essa divulgação é obrigatória para todas as companhias abertas e decorre da Instrução nº 358 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A norma tem como objetivo, entre outros, o de dar transparência ao mercado sobre negociações de ações por funcionários que possuem informações privilegiadas dentro das companhias, e que não podem negociar papéis da empresa antes da divulgação de fatos relevantes. Os relatórios são divulgados mensalmente, até o dia 10 do mês.
Segundo a Petrobras, na categoria "órgãos técnicos e consultivos" entram os principais executivos das companhia (fora da diretoria) que trabalham com informações confidenciais, entre os quais os gerentes executivos, e também os profissionais da área de relações com investidores
Conforme a empresa, o conselho de administração é formado por nove pessoas, a diretoria tem sete integrantes e, apenas o primeiro nível de gerência, tem cerca de 50 profissionais.
Os membros dos órgãos técnicos e consultivos foram responsáveis pela maior parcela das compras de ações no mês passado. Eles aumentaram a posição em aproximadamente R$ 9 milhões, ante uma carteira anterior de R$ 9,5 milhões.
Na diretoria, foram investidos cerca de R$ 1,8 milhão em novos papéis, para um montante de R$ 2 milhões da posição antiga.
No conselho de administração, a variação foi irrisória em termos absolutos. As ações compradas representaram R$ 7,4 mil, sendo que a posição anterior era de R$ 4,7 mil. Nenhum conselheiro fiscal comprou ações.
A Petrobras não possui plano de opções de ações para executivos.


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