julho 22, 2010

Debêntures de 12 anos financiam a infraestrutura



    Carolina Mandl, de São Paulo
    Valor Economico
Tesourarias de bancos também fizeram aportes, interessadas nas taxas pagas, apurou oValor
Ontem foi concluído um importante teste para o financiamento de longo prazo dos projetos de infraestrutura no Brasil via mercado de capitais. A Rota das Bandeiras, concessionária de rodovias da Odebrecht, vendeu R$ 1,1 bilhão em debêntures para custear o pagamento da outorga do corredor Dom Pedro, em São Paulo.
Os investidores, principalmente os fundos de pensão, demonstraram disposição para comprar papéis com vencimento em 12 anos e amortizações semestrais, um prazo bastante longo e inusual para os padrões brasileiros. Hoje, as ofertas de debêntures têm vencimento médio de quatro anos. Tesourarias de bancos também fizeram aportes, interessadas nas taxas pagas, apurou o Valor.
Cientes das dificuldades para vender papéis de prazos maiores, os bancos coordenadores da oferta (Santander e Banco do Brasil) previam que a oferta poderia variar de R$ 600 milhões a R$ 1,1 bilhão, sendo um bom indicador do apetite dos investidores o fato de ela ter alcançado o limite máximo.
O governo vem anunciando que espera uma maior independência dos investidores em infraestrutura em relação aos desembolsos estatais para tocar as obras. E, por isso, a operação da Rota das Bandeiras pode se tornar um modelo para outros futuros projetos.
Mesmo assim, o governo deu sua contribuição para viabilizar essa concessão de rodovias. Para financiar o projeto como um todo, a Odebrecht usou três fontes de recursos: o capital próprio, a venda das debêntures e um empréstimo de R$ 920 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras.
Se de um lado as debêntures vão custar mais caro para a concessionária, pagando a inflação do IPCA mais 9,57%, de outro o juro subsidiado do BNDES ajudará na formação de uma estrutura de capital mais adequada à companhia. O dinheiro do BNDES financiará as obras de melhoria e duplicação da rodovia, estimados em R$ 1,6 bilhão.
Outra contribuição do banco estatal para viabilizar a operação foi o fato de o BNDES não ter se colocado em uma posição privilegiada em relação às garantias dadas pela Rota das Bandeiras, fato incomum frente a operações anteriores. Em caso de algum problema, o banco e os debenturistas vão dividir as garantias da mesma forma.