Ganhos com a bolsa parada
Volor Ecomico |
Sem uma tendência clara para a bolsa, tanto de alta quanto de queda, as corretoras buscam alternativas para atrair seus clientes para o mercado. Afinal, como manter a receita de corretagem se os investidores estão avessos ao risco? A saída tem sido elaborar estratégias mais sofisticadas, com potencial de retorno no curto prazo e, na pior das hipóteses, prejuízos limitados. As corretoras identificam as oportunidades e, imediatamente, abordam os clientes mostrando os possíveis ganhos e a perda máxima. A mais nova coqueluche entre as pessoas físicas são as operações de arbitragem entre papéis, conhecidas no jargão financeiro como "long/short". O negócio consiste em comprar uma ação que o investidor acha que vai subir e vender aqueles papéis que ele acha que vai cair. Por isso, o termo "long", que significa comprar em inglês, e "short", que é vender. "Hoje, o risco de apostar na direção da bolsa está muito alto", afirma Frederico Soares, gerente da mesa de operações da Em vez de procurar fundos dedicados a explorar as distorções de preços na bolsa, os investidores começam a fechar diretamente as operações. Mas é uma demanda provocada, conta Soares. E, apesar de as corretoras incentivarem essas estratégias ao oferecer esse tipo de operação, elas exigem que o cliente ligue para mesa de operações para fechar o negócio. O objetivo é ter a certeza de que o investidor está realmente ciente dos riscos, explica Oltramari, da XP. Na mesa de pessoa física da corretora do HSBC, segundo Soares, as operações não direcionais de bolsa ganharam relevância nos últimos três meses e hoje já representam 60% do volume de negócios fechados. A grande vantagem de usar a mesa é que o investidor conta com a assessoria de um operador focado exclusivamente no acompanhamento das distorções de preços de ações e das taxas do aluguel de ações, necessário para viabilizar o long/short. Para montar a posição vendida, em geral, o investidor tem de alugar o papel, pagando uma taxa prefixada até o vencimento do contrato, quando a ação tem de ser devolvida para o dono. Normalmente, o cliente que aceita a oferta das corretoras é aquele com um grau de conhecimento maior e mais tempo de bolsa. Para montar a arbitragem, Soares recomenda ter pelo menos R$ 100 mil. As operações costumam ter prazo de até um mês e meio e retorno potencial de 3% a 4,5%, já descontada a taxa de corretagem e aluguel. Para a corretora, segundo ele, significa receita de corretagem e, para o investidor, ganho no curto prazo num mercado difícil de operar. "Felizmente temos conseguido fazer muitas operações, o que é bom para os dois lados", afirma. A XP também vem ativamente oferecendo estratégias do tipo long/short para os clientes. Segundo Oltramari, é possível se proteger fazendo um negócio com giro de R$ 20 mil, sendo que o cliente precisa desembolsar margem de apenas R$ 9 mil. Para fazer esse tipo de operação, o investidor aluga uma ação que acha que vai cair e a vende em seguida no mercado. Assim, ele fica "vendido", ou seja, devendo a ação para o dono. Com o dinheiro da venda, ele compra ações com potencial de alta. Uma das estratégias mais comuns de long/short é buscar lucro com a diferença entre ações ordinárias (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem voto) de uma mesma empresa. A segunda é procurar ganhos com papéis entre uma holding e sua subsidiária, por exemplo. "Com isso, o investidor não fica tão preocupado com a direção que o Ibovespa vai tomar", diz Oltramari. Ao identificar uma oportunidade de operação de long/short, a XP define também os limites de ganhos e de perdas. Além das operações de long/short, a corretora percebeu espaço nas estratégias com opções, contratos que dão o direito de comprar ou vender um papel numa data predeterminada a um preço preestabelecido. Nesse segmento, uma das estratégias para garantir um retorno adicional é o lançamento coberto de opções. Na operação, o investidor que já tem uma carteira de ações vende no mercado opções de compra desses papéis em troca de um prêmio. Se, no vencimento, o preço da ação estiver menor do que o definido na opção, o investidor não será exercido, ou seja, não precisará entregar suas ações, e já terá embolsado o prêmio. Segundo Mauro Calil, professor e educador financeiro da A Pelo Flexscan, o cliente coloca parâmetros no software, que diz onde estão as oportunidades. São seis principais estratégias identificadas pelo programa, que mostra em tempo real a probabilidade de lucro e a perda máxima. O investidor não consegue, entretanto, fechar o negócio on-line - somente por meio da mesa de operações. Isso porque os operadores conseguem ver se o cliente tem o perfil adequado para um determinado tipo de operação, explica Levy. O Flexscan é gratuito para os clientes que aderiram à conta especial, que tem o custo de R$ 20,00 por operação. Já os investidores da chamada conta econômica, que pagam R$ 5,00 por ordem executada, têm acesso de graça por 30 dias. |


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