março 06, 2012

Fundos private têm muito caixa e poucos negócios


Por Vinícius Pinheiro | De São Paulo
Os fundos de "private equity" exibiram uma baixa agressividade na compra de participações de empresas no Brasil, ao contrário do que faziam supor as fortes captações de quase US$ 13 bilhões nos últimos dois anos. Mesmo com a recente compra da rede varejista de brinquedos Ri-Happy pelo Carlyle - a primeira do fundo de US$ 1 bilhão levantado em junho - e de vários negócios em andamento, os gestores têm atuado com cautela, em um ritmo mais lento que o esperado. Outras grandes firmas, como a Advent, a GP Investimentos e a Southern Cross, também anunciaram apenas uma aquisição cada uma.
Com mais dinheiro disponível e um menor grau de incerteza na economia, a possibilidade de os fundos de participações encontrarem pechinchas diminuiu. No mercado, havia a expectativa de que os gestores aproveitassem o agravamento da crise externa durante o segundo semestre de 2011 para fechar negócios, o que não aconteceu. Eles enfrentaram a concorrência do capital de investidores estratégicos, como empresas concorrentes, por exemplo, em um ambiente de liquidez tranquila, com disponibilidade de linhas de crédito de bancos e facilidade de acesso ao mercado de capitais.
Mesmo que os novos negócios não fluam com rapidez, há mais dinheiro chegando. Na nova rodada de captações, estão desde gestoras locais em busca de recursos para aquisições de empresas de médio porte até grandes fundos com foco em infraestrutura. O alvo dos atuais ou dos próximos fundos deve se mover dos setores "puros" de consumo para segmentos como saúde e educação, diz o advogado Peter Furci, do escritório americano Debevoise & Plimpton. O Debevoise atua na captação de dois fundos, um para infraestrutura e outro para o segmento imobiliário."Os negócios óbvios, apresentados por bancos de investimento a vários candidatos a compra, incluindo os fundos, estão caros, independentemente do tamanho", diz o sócio de uma gestora que concorre por grandes aquisições. Para o sócio de uma outra gestora que também captou um fundo bilionário, a lentidão nos investimentos reflete em parte a falta de flexibilidade de algumas firmas, que só procuram assumir posições de controle nas empresas investidas.