Fundos: quando menos é melhor
O Valor reduziu a quantidade de fundos de investimento cujas informações sobre patrimônio líquido, valor da cota, rentabilidade e taxa de administração são divulgadas diariamente nas páginas do jornal e, como consequência, deverá tornar mais fácil a comparação das alternativas de aplicação que estão efetivamente disponíveis para o investidor.
O objetivo foi eliminar aqueles restritos, exclusivos ou destinados a um público alvo muito específico de maneira que o interessado em descobrir novas oportunidades de investimento possa concentrar suas análises nos produtos potencialmente acessíveis. Os filtros foram feitos a partir dos dados do cadastro da Anbima, a associação das instituições financeiras.
Novos ajustes ainda deverão ser feitos porque o mercado de fundos de investimentos é muito dinâmico e, apesar de todos os esforços da Anbima, é certo que diversos fundos restritos ainda estejam aparecendo equivocadamente nas páginas do jornal. Com o tempo, os erros deverão ser corrigidos.
Adicionalmente foram eliminados aqueles com patrimônio líquido inferior a R$ 10 milhões e que não conseguem divulgar as suas cotas em tempo hábil, de acordo com os padrões adotados pelas instituições financeiras. Entretanto, no site do Valor, na área doValorData, todos os fundos do mercado podem ser consultados diariamente, independentemente de aparecerem ou não no jornal.
As mudanças promovidas deverão aumentar a familiaridade dos potenciais aplicadores com o mercado de fundos de investimento. Segundo o estrategista de investimentos pessoais da Santander Asset Management Aquiles Mosca, na coluna Palavra do Gestor, publicada no Valor em 23 de fevereiro, as pesquisas em finanças comportamentais apontam que a melhor forma para superar o medo do desconhecido é por meio da familiarização.
De acordo com os estudos, é natural adotar uma atitude cautelosa sempre que vivenciamos uma situação desconhecida e o mesmo se aplica ao mundo dos investimentos. Quando não conhecemos o comportamento de uma aplicação em ações, por exemplo, é natural evitarmos o investimento.
No caso específico dos fundos, diversos fatores contribuem para tornar a modalidade muito difícil de ser compreendida pelo investidor comum. Para começar, a aplicação não conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos que, em termos práticos, ficou conhecido pelo pequeno aplicador como sendo um seguro oferecido por uma instituição oficial para garantir valores de até R$ 70 mil aplicados em CDBs de bancos de pequeno e médio porte.
Outro ponto é que as aplicações em fundos estão sujeitas a um regime tributário complexo, que varia de acordo com a categoria, o prazo da aplicação e, ainda por cima, possui um recolhimento semestral compulsório, conhecido como come-cotas.
Finalmente, é comum assistir a frustração que os potenciais interessados sentem depois de consultar um ranking de fundos e descobrir que os primeiros colocados não aceitam suas aplicações.
Tudo isso somado a uma quantidade excessiva de carteiras e múltiplas estratégias de investimento torna o mundo dos fundos de investimento excessivamente complexo e misterioso para o investidor comum.
A partir de agora, com menos fundos publicados diariamente no Valor, a esperança é que mais investidores descubram as boas aplicações e o mercado cresça.


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