setembro 06, 2011

Quebrado na bolsa, fundo GWI faz fortuna com imóveis


Gestora com péssimo desempenho em bolsa diz que com 300 milhões de reais construiu um portfólio de imóveis que vale 600 milhões de reais. Detalhe: está tudo à venda


Global Jundiaí, galpão da GWI Real Estate
Galpão logístico da GWI em Jundiaí: 100% locado para inquilinos como a Foxconn
São Paulo – A GWI Asset Management se notabilizou nos últimos anos por gerir alguns dos fundos mais agressivos do mercado brasileiro. As carteiras administradas pela gestora, bastante popular entre a comunidade sul-coreana do Bom Retiro (bairro central de São Paulo), quebraram duas vezes, uma em 2008 e outra em 2011. No mês passado, um dos fundos da GWI chegou a ficar com o patrimônio líquido negativo, continua inadimplente com a bolsa e, desta forma, está impedido de operar. Paralelamente à estratégia quase kamikaze adotada no mercado acionário, a gestora conseguiu constituir um braço imobiliário bem-gerido e lucrativo, que tem tudo para se transformar em tábua de salvação neste momento de dificuldade extrema.

Especialistas de mercado que conhecem os imóveis da GWI confirmam que, em uma estimativa conservadora, a carteira poderia ser vendida por ao menos 500 milhões de reais neste momento. Eles explicam que há uma grande escassez de galpões industriais para as empresas brasileiras e que os preços dos bons terrenos no eixo Rio-SãoPaulo-Campinas dispararam nos últimos anos. Ao mesmo tempo, não faltam fundos interessados em investir nesse tipo de empreendimento. Os mesmos especialistas afirmam que a GWI Real Estate já começou a organizar o processo que pode culminar com a venda de todos seus imóveis, sem exceção - oficialmente, a empresa diz que só planeja se desfazer de ativos não-estratégicos, o que exclui os galpões.Fundada em 2006, a GWI Real Estate se especializou em comprar terrenos e construir imóveis (principalmente galpões logísticos) que posteriormente seriam alugados para empresas. Assim, como a área de asset management, o fundo imobiliário tem como principal acionista o sul-coreano Mu Hak You, e captou recursos de outros 70 investidores endinheirados, brasileiros e coreanos. O dinheiro foi usado na compra de 2,4 milhões de metros quadrados em terrenos localizados a um raio de até 120 km da cidade de São Paulo e na construção de quatro empreendimentos. Como a maior parte dos terrenos foi adquirida em 2007 e 2008, o fundo conseguiu aproveitar como poucos o boom imobiliário brasileiro. Segundo a própria empresa, o portfólio, que consumiu investimentos de 300 milhões de reais, vale hoje cerca de 600 milhões.
Dois condomínios logísticos são as galinhas dos ovos de ouro da empresa. Localizado no km 66 da rodovia Anhanguera, o Global Jundiaí obteve um financiamento de 27 milhões de reais do BNDES, terminou de ser construído recentemente e inclui 41.000 metros quadrados de galpões modernos. O empreendimento já está 100% locado e pode ser utilizado tanto para o armazenamento de produtos como para abrigar uma unidade fabril. O principal inquilino do Global Jundiaí é a taiwanesa Foxconn, maior fabricante do mundo de componentes eletrônicos e computadores.
A Foxconn já possuía uma unidade em Jundiaí, às margens da rodovia dos Bandeirantes, onde produz aparelhos para a HP, a Dell e a Sony. Somente no mês passado, a gigante taiwanesa confirmou o fechamento de um acordo com a Apple para produzir produtos eletrônicos na nova unidade. Inicialmente devem ser montados iPhones, já que o plano mais barulhento, de produzir iPads na unidade, ainda não está de pé. No mercado, circula a informação que a empresa busca um acordo com o BNDES para a instalação da fábrica – mas ninguém sabe qual será o desfecho dessas conversas.