setembro 02, 2011

Queda de juros muda todo o cenário para investimento


Por Angelo Pavini e Silvia Rosa | De São Paulo valor on line

A surpreendente decisão do Banco Central de reduzir os juros em 0,5 ponto percentual derrubou as projeções de quase todos os bancos para o custo do dinheiro, aumentou o receio de alta da inflação, acelerou as estimativas de queda do juro real e acrescentou um ingrediente de imprevisibilidade para as políticas do BC. Colocou também os investidores diante da necessidade de rever estratégias em um novo cenário, especialmente na renda fixa, ameaçada pela expectativa de uma elevação maior dos preços.
O mercado interpretou a decisão como um sinal de que o BC e o governo vão aceitar uma inflação mais alta. A NTN-B para 2014, corrigida pelo IPCA, passou a projetar uma inflação de 6% ao ano, ante 5,85% no dia anterior, a maior dos últimos seis meses. A tendência do juro real é encolher, porque estima-se que o BC continuará cortando a taxa Selic nas próximas reuniões, enquanto que a inflação não deverá declinar rapidamente.
Assim, o mercado deve procurar mais as aplicações pós-fixadas, já que as prefixadas são um risco em um ambiente de possível deterioração da inflação. Entre as opções "pós" estão os títulos indexados à inflação, como as NTN-B, ou ao juro diário, como as LFT, CDBs atrelados ao CDI e fundos DI. Correm maior risco os prefixados como as LTN e os fundos de renda fixa. Ações de empresas cujas receitas são indexadas à inflação, como as elétricas, também podem ser opções. Para o dólar, o viés é de alta.
Os fundos de renda fixa darão um ganho extraordinário esta semana, por conta do ajuste dos papéis prefixados das carteiras às novas taxas futuras, mais baixas. Mas, a partir de agora, passarão a ter volatilidade maior. Os bancos ainda devem seguir pagando taxas atraentes no CDB. O ideal é conseguir taxas pós-fixadas que paguem mais de 90% do CDI
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