A crise como oportunidade de crescimento para o investidor
A preocupação com a fragilidade da economia americana e com a capacidade de países europeus honrarem suas dívidas tem transformado o mercado financeiro global em uma verdadeira montanha-russa nas últimas semanas.
A decisão da agência de risco Standard & Poor's, que rebaixou a nota de avaliação dos Estados Unidos de AAA para AA+, teve um impacto gigantesco. Entretanto, não há motivos para pânico. Estamos vivendo sim uma enorme volatilidade, mas é importante entender que 2011 não é 2008.
Certamente, o corte da nota americana representa uma quebra de paradigma e é preciso entender a diferença do momento atual. Há três anos, houve uma sucessão de quebra de bancos, o crédito congelou, ninguém conseguia pegar empréstimos. A crise que vivemos agora é soberana, significa que muitos países como Espanha, Portugal e Itália estão submersos em um nível de endividamento muito grande e, por isso, não conseguem impulsionar suas economias.
Vemos com preocupação a incapacidade dos líderes da zona do euro chegarem a um consenso político que possa impor limites fiscais a todos os países. Essa fraqueza política gera incerteza fiscal e o caminho da inadimplência pode ser questão de tempo, uma vez que essa incerteza é responsável toda a volatilidade que estamos observando, expondo a fragilidade do sistema bancário europeu.
Com isso, ao redor do mundo, investidores tendem a direcionar o capital para países que neste momento estão mais estáveis, cujos governos estejam mais bem preparados, com uma relação de crescimento e dívida mais controlada, como o Brasil. Dentre eles estão os mercados emergentes, como China, Índia e nosso país.
Neste primeiro momento, a incerteza impera, e ainda deve se estender por alguns meses, com consequente impacto negativo sobre a bolsa brasileira, por ela ser muito influenciada pelo mercado externo, devido às commodities. No entanto, para os investidores mais bem informados e planejados, a situação pede apenas mais atenção, mas nenhuma atitude drástica.
O pânico faz com que as decisões sejam pautadas pela emoção e, como em um efeito manada, ao tentarem solucionar o "problema", muitos investidores acabam realizando as perdas, resultando em um processo de retroalimentação - quanto mais cai, mais aumenta o medo, ocasionando novas vendas, e assim por diante. A palavra deste momento é calma.
Nestas horas, é muito importante lembrar que bolsa de valores é um investimento de longo prazo, que requer planejamento. Aqueles que estiverem com capital disponível para pelo menos cinco anos podem estar diante de uma grande oportunidade frente a toda essa volatilidade.
É chegada a hora de colocar em prática a máxima: compre na baixa, venda na alta. Os mais atentos já estão agindo. É possível adquirir papéis com muito potencial por um preço bem inferior ao que valem - e voltarão a valer -, ou seja, apostar no futuro. E essa aposta é válida? Certamente. Mais que isso, é uma estratégia de eficácia comprovada por investidores mais experientes.
Quando avaliamos os balanços das empresas, tanto as brasileiras quanto as norte-americanas apresentaram bons resultados nos últimos relatórios. O setor privado vai bem e as empresas estão crescendo e apresentando lucros, sobretudo no Brasil. Empresas pouco alavancadas e com boa geração de caixa devem ser preferidas nesses momentos de maior incerteza. Ações ligadas à construção civil e infraestrutura, por exemplo, tendem a apresentar um bom desempenho no médio e longo prazos, a reboque do crescimento do país.
Aquelas que refletem o mercado interno, como logística, também têm alto potencial. Vale lembrar que seremos anfitriões da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos, em 2016. E muitos setores tenderão a crescer naturalmente, além da sabida expansão da demanda interna.
Assim, acredita-se que a baixa é passageira e este é o melhor momento para agir com racionalidade e investir contra o fluxo. No longo prazo, poderemos ganhar muito se soubermos trabalhar com a crise. A incerteza e as oscilações ainda existem, mas a retomada vai acontecer. Este é um momento de reajuste no cenário global, do qual o Brasil certamente sairá fortalecido. Manter a racionalidade e o sangue-frio nos faz enxergar a oportunidades que surgem com a crise. Passado o susto, o mundo procurará novas possibilidades de investimentos e nosso país é um grande atrativo.



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