O efeito Jim Collins no Pão de Açúcar
Como dois dias numa sala com um dos maiores pensadores dos negócios da atualidade provocaram uma dança das cadeiras entre os principais executivos do Pão de Açúcar
Cada um em seu lugar: depois de rever o perfil ideal para cada cargo de seu primeiro escalão, o Pão de Açúcar trocou quatro vice-presidentes de cadeira — os outros 11 vice-presidentes foram mantidos no mesmo cargo
Em março, acompanhados por abilio diniz, presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar, os 11 principais executivos da maior rede varejista do país deixaram a sede da companhia, em São Paulo, e embarcaram numa viagem de quase 10 000 quilômetros em direção à pequena cidade de Boulder, aos pés das Montanhas Rochosas no estado americano do Colorado. Foi uma das poucas vezes desde a fundação da companhia, em 1948, que toda a sua diretoria se afastou de uma vez da operação diária — para uma viagem que vinha sendo planejada há mais de um ano. Durante dois dias, o grupo participou de um workshop com o americano Jim Collins, o pensador mais incensado do mundo dos negócios da atualidade. Fanático por escaladas e ex-professor da Universidade Stanford, Collins se tornou o autor favorito de Abilio Diniz desde a publicação de seu segundo e mais aclamado livro, Empresas Feitas para Vencer, lançado em 2001. O objetivo de Abilio com a excursão era mergulhar nas teses de Collins. Depois de dois dias isolado em meio às montanhas, em jornadas que incluíram palestras e trabalhos em grupo entre os executivos, o time voltou ao Brasil decidido a fazer alterações radicais. Essa experiência levou o Pão de Açúcar a trocar de posição quatro dos nove integrantes da diretoria executiva (veja quadro ao lado). “Fomos a Boulder porque queríamos ser como aquelas companhias do livro de Collins”, diz Enéas Pestana, presidente do Pão de Açúcar. “Estávamos num ótimo momento, mas queríamos ser ainda melhores.”
A dança das cadeiras dos executivos do Pão de Açúcar partiu de uma recomendação de Collins: “Voltem para o Brasil e se certifiquem de que pelo menos 95% dos cargos-chave da empresa tenham as pessoas certas”. A reavaliação, que levou dois meses, resultou em trocas radicais. A carioca Claudia Elisa, por exemplo, que há dois anos ocupava a área de recursos humanos do grupo, assumiu a recémcriada vice-presidência de estratégia de mercado. O vice-presidente de mercados regionais, Marcelo Lopes, tornou-se vice-presidente de logística. As mudanças representaram uma ruptura na tradição do Pão de Açúcar. “A companhia era famosa por seus silos. Uma pessoa começava e terminava a carreira na mesma área”, diz Boris Leite, presidente da consultoria Axialent, contratada pelo Pão de Açúcar para auxiliar nas mudanças.
Logo após a viagem, o ponto de partida foi simbolicamente “tirar” os diretores do cargo. Nesse momento, Pestana — com a ajuda das consultorias Human Side e Axialent — redefiniu os atributos de cada posição. Em seguida, os vice-presidentes foram avaliados pelas consultorias, por Pestana e Claudia Elisa (até então responsável pela área de RH) e receberam notas de 1 a 5 em quesitos como capacidade de análise, comunicação e polivalência. Cada cargo possuiu um mix de pelo menos quatro quesitos. Para cruzar as duas informações, o Pão de Açúcar usou um software desenvolvido internamente capaz de analisar todos os dados e indicar os melhores nomes por cargo. “Era uma enorme responsabilidade, já que as pessoas estavam bem em suas funções antigas”, diz Pestana.
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