O computador morreu. Chegou a era dos tablets
Fonte: Isto é Dinheiro
O reinado do PC está chegando ao fim. Grandes marcas, como Apple, Samsung, Dell e HP, estão prestes a trazer para o Brasil seus tablets. E eles vão mudar a forma de vender, de trabalhar e de se divertir
Por Ralphe Manzoni Jr.
Alinhados, como se estivessem em um batalhão, funcionários da Galderma, uma joint venture entre Nestlé e L’Oréal, indústria farmacêutica exclusivamente dermatológica, posaram para esta foto que você vê logo abaixo. Eles fazem parte de uma tropa de elite que, empunhando os seus iPads, começa a realizar o funeral do computador pessoal. O PC, da forma que conhecemos, morreu.
Na semana passada, 120 funcionários da Galderma foram às ruas com seus tablets e se transformaram na primeira força de vendas do País a usar o equipamento da Apple de forma corporativa. Agora, quando visitam médicos, esse exército de homens e mulheres de iPad faz a demonstração técnica dos produtos nesta pequena geringonça tecnológica que parece uma tábua (daí o nome tablets), mede 24 centímetros de altura por 18 centímetros de largura, pesa 680 gramas e tem espessura de apenas 1,3 centímetro.
Tropa de iPads: toda a equipe de vendas da Galderma já trabalha com tablets
“Agora, consigo atualizar o meu material promocional em apenas um dia. Antes, demorava 40 dias”, afirma Juan Carlos Gaona, CEO da Galderma do Brasil. “É uma enorme vantagem sobre os meus concorrentes.” O batalhão de iPads da Galderma é o símbolo de uma grande transformação no setor de tecnologia.
Com mais de 30 anos de vida (e de bons serviços prestados), o computador pessoal está com os dias contados para os tablets. E essa febre, que tomou o mercado mundial, chega oficialmente ao Brasil a partir de novembro, com o lançamento do Galaxy Tab, da Samsung. Apple, Dell, ZTE, Huawei, Cisco, Awaya e HP prometem seus produtos para os próximos meses.
Apesar disso, os PCs não vão deixar de existir. Suas vendas globais, inclusive, crescerão vagarosamente nos próximos anos, chegando a mais de 500 milhões de unidades em 2014. Mas eles perderão o status de ser os protagonistas da computação. “A maioria das pessoas vai usar computadores portáteis e com telas sensíveis ao toque, como smartphones e iPads”, diz à DINHEIRO Nicholas Carr, jornalista americano e autor do livro A grande mudança, que defende a tese de que a tecnologia se transformará em um serviço público, assim como a energia elétrica.
“Mas os PCs, tanto os laptops como os desktops, continuarão a ser úteis para certas tarefas que exigem grandes telas e teclados tradicionais.” Esse é o ponto crucial. O CD não desapareceu, mas passou a ser um produto de nicho com o surgimento da música digital. O mesmo vai acontecer com o computador pessoal.
“Grande parte das pessoas quer surfar na internet, checar e-mails ou interagir nas redes sociais. Para isso, elas não precisam de um PC”, afirma Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital da University of Southern California. O mantra dessa nova era é a mobilidade e a conexão total com a internet de qualquer lugar a qualquer hora.
Os tablets levam este conceito às últimas consequências, com a vantagem de ter uma tela bem maior do que um smartphone e uma interface revolucionária que permite fazer tudo com o toque dos dedos, sem a necessidade de um mouse e um teclado – itens que vão estar ao lado do PC em seu obituário.
Jorge Moskovitz, da Serena Software (à esq.), abandonou o notebook em suas viagens. Eduardo Machado (ao lado), do COC e da rede de ensino a distância Unyca, vai
dar 30 mil tablets aos alunos em 2011. José Papa Neto, da ESPN, praticamente
esqueceu de seu PC depois de comprar um iPad
dar 30 mil tablets aos alunos em 2011. José Papa Neto, da ESPN, praticamente
esqueceu de seu PC depois de comprar um iPad
“Depois dele, abandonei o meu notebook”, afirma Jorge Moskovitz, diretor para a América do Sul da empresa de tecnologia Serena Software, que passa pelo menos duas semanas por mês visitando países pela região. O diretor de novos negócios da rede de tevê esportiva ESPN, José Papa Neto, não esqueceu ainda do desktop, mas agora só passa 10% de seu tempo com ele. “Sou um fervoroso usuário de Blackberry e do iPad”, diz ele. “Nas viagens curtas, só levo o iPad.”
O comportamento destes dois executivos demonstra uma tendência que acontece com quem usa um tablet. O computador vai ficando de lado, esquecido. E o motivo é simples: eles substituem a maioria das tarefas que um usuário comum faz no dia a dia. O que é surpreendente, nesta aurora dos tablets, é que eles estão encontrando também um espaço dentro das empresas mais rápido do que se imaginava. Observe mais uma vez o exemplo da Galderma, cuja operação brasileira fatura R$ 250 milhões.
Visitar médicos faz parte do DNA da indústria farmacêutica. Até hoje, isso é feito com material de papel. “Tentamos usar notebooks, mas eles são pesados, demoram a ligar e sempre travam”, alega Márcio Rodrigues, diretor de marketing da companhia. Desde o lançamento do iPad, a empresa importou seis máquinas, desenvolveu um aplicativo próprio e foi a campo testar o aparelho.


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