Pequenos, mas relevantes
Estudo mostra que entre 84 principais empresas da bolsa, 13 têm mais de 100 mil investidores pessoas físicas.
O número de investidores pessoa física com ações na bolsa cresce ano a ano e já saltou mais de 550% desde o fim de 2003, para pouco mais de 556 mil indivíduos. Isso é uma consequência direta não apenas da campanha de popularização do investimento em ações promovida pela De 2004 até hoje, mais de 120 companhias abriram o capital na bolsa paulista. Cada oferta, que tem 10% do total dedicada a esse público, atrai milhares de acionistas, especialmente das companhias amplamente conhecidas pelo público. É visível que a expansão da base de acionistas coincide com a retomada das ofertas públicas. Apesar de todo esse tempo e da revolução por que passou o mercado de capitais brasileiro, as empresas de telecomunicações seguem como as que apresentam o maior número de pessoas físicas em sua base acionária, produto dos antigos planos de expansão, quando a compra de uma linha telefônica dava direito ao recebimento de ações das companhias. Por conta disso, a Mas boa parte da base das telefônicas é inativa. Mostra disso é que o número de investidores pessoas físicas delas supera o total de investidores ativos com conta na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Levantamento feito pelo Valor com base em informações inéditas divulgadas por 84 companhias abertas que integram o Ibovespa ou o IBrX-100 mostra quais são as empresas mais populares entre os investidores. Os dados foram obtidos no Formulário de Referência, novo documento obrigatório de informações anuais, entregues em sua maioria na semana passada. Excluído o setor de telecomunicações, as "blue chips" são as preferidas do público. Contudo, a A mineradora A mineradora realiza cerca de 550 atendimento mensais a pessoa física. Além disso, somente pelo site, responde a mais de 200 perguntas ao mês desse público, em sua maioria sobre remuneração das ações e cronogramas como data de assembleias. Além do Brasil, tem um grande público de pessoas físicas no exterior. Os recibos de ações listados na Bolsa de Nova York estão espalhados em 283 mil aplicadores, a maioria individuais. Entre as empresas que abriram capital de 2004 para cá, a Das 84 empresas que estão no levantamento, apenas 13 possuem mais de 100 mil acionistas. Em 45 delas há mais de 10 mil investidores individuais. Como o Formulário de Referência só pede a divulgação dos dados apurados para realização da assembleia geral ordinária, não existem informações históricas para comparação. Segundo Ricardo Florence, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), aumentar a base de investidores pessoa física é um trabalho gradativo, que exige dedicação. Para alcançar esse tipo de aplicador, diz ele, as empresas têm usado canais de comunicação como sites de relações com investidores dedicados, mídias sociais direcionadas, e também participado de reuniões com o mercado. Há ainda um trabalho conjunto com corretoras focadas nesse público. "É muito fácil para as teles ou para as empresas mais antigas terem base maior. Mas creio que para quase todas as empresas que estão no IBrX o número de acionistas tem crescido nos últimos tempos, em função do trabalho que elas têm feito e da divulgação da BM&FBovespa", afirma. O próprio presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, admite que o relacionamento com a pessoa física ainda é um desafio e as empresas precisam melhorar muito sua forma de comunicação. "A transparência é essencial. Mas a exigência da pessoa física vai além. É preciso mudar a linguagem." Ele acredita que uma empresa ter de mil a duas mil pessoas físicas investidoras já é bastante. Porém, Pinto tem metas muito mais ambiciosas, em função do cenário macroeconômico nacional. Nos próximos cinco anos, ele espera ter cinco milhões de investidores pessoas físicas registrados na custódia da bolsa e trazer 200 novas companhias, especialmente pequenas e médias. João Nogueira Batista, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), explica que as empresas têm feito um esforço maior de ampliar a base de pessoas físicas. As companhias perceberam que esse investidor costuma ser de longo prazo. Além disso, agrega diversidade, o que é muito importante. "Perfis diferentes na base acionária são importantes, pois ajudam a diminuir a volatilidade da ação. Cada público tem uma visão diferente do negócio e avaliações diferentes sobre o momento de comprar e vender." Segundo a bolsa, os esforços de popularização que têm sido feitos desde 2002 tem como propósito educar os investidores. Nesse sentido, considera que com o tempo eles vão conhecer cada vez mais novas companhias e assim diversificar os investimentos, o que já está acontecendo, principalmente com empresas listadas nos segmentos de governança, como o Novo Mercado e os níveis 2 e 3. Apesar de demandar uma linguagem diferenciada, Nogueira Batista acredita que a pessoa física pode ser atendida em massa, com canais especializados, diferentemente do investidor institucional, com demandas sofisticadas e cobrança de atenção especializada. "Mas é fato que as companhias ainda estão mais acostumadas a atender ao grande investidor." A Os analistas do |


<< Página inicial