Belo Monte só sai do papel com sócio privado
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É impossível tocar uma obra do porte da usina hidrelétrica de Belo Monte sendo uma empresa estatal. Esse é o tom que tem norteado a atuação da Em entrevista ao exclusiva Valor, o presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes, defende a participação privada no consórcio dizendo que hoje é impossível construir hidrelétricas tendo de obedecer à Lei 8.666, que regula as licitações. A permissão para a Eletrobras adquirir bens e serviços através de licitações simplicadas foi incluída na MP 450, votada em março do ano passado, que também autoriza a União a participar do Fundo de Garantia a Empreendimentos de Energia Elétrica (FGEE). Mas ainda é necessário um decreto presidencial para que a medida possa entrar em vigor e o presidente da estatal diz que prefere esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o caso da A Petrobras obteve uma liminar, em mandado de segurança, para suspender efeitos de uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que a obrigava a aplicar a Lei 8.666, mesmo tendo direito a um regime simplificado de licitações estabelecido pelo decreto nº 2.745/98. A Eletrobras está negociando agora a entrada de novos sócios no projeto. Muniz prefere não falar em nomes, mas deixou escapar que o grupo negocia a entrada da construtora baiana No mês passado, o Valor apurou que o consórcio estava praticamente fechado e os fundos teriam cerca de 30% da sociedade. A única participação direta seria da Petros, com 10%. Havia dúvidas ainda sobre o percentual da As negociações estão sendo conduzidas pelo diretor de Engenharia, Valter Cardeal, o homem de confiança da candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, e devem ser concluídas até o fim deste mês. Do lado estatal Belo Monte terá participação da Eletrobras (15%), Um apaixonado pela obra de Belo Monte, que ele estuda desde que trabalhava na Eletronorte, 25 anos atrás (Muniz presidiu a Eletronorte e a Chesf antes de assumir a holding), defende a construção da quarta maior hidrelétrica do mundo - atrás apenas de Três Gargantas (China), Itaipú e Xinadou (China) - dizendo que os que são contra não conhecem o projeto e nem as condições de vida da população ribeirinha de Altamira. Muniz é enfático quando diz que o futuro está na construção de usinas plataforma, com o objetivo de reduzir ao mínimo os impactos ambientais e a intervenção humana no local depois da construção, evitando assim que contingentes de trabalhadores ergam novas cidades ao redor da obra. De novo, o exemplo vem da empresa que a Eletrobras toma como modelo. A ideia é adotar o sistema das plataformas de produção da Petrobras em alto mar, que ficam isoladas e só são acessíveis por meio de helicópteros que levam e trazem os trabalhadores que cumprem turnos mais longos de trabalho e folgas. É esse desenho que a Eletrobras vai buscar na construção do projeto que atualmente é a menina dos olhos de Muniz: as cinco hidrelétricas do complexo do Tapajós: São Luiz do Tapajós (6.133 MW) e Jatobá (2.338 MW), ambas no rio Tapajós, e Cachoeira do Caí (802 MW), Jamanxim (881 MW) e Cachoeira dos Patos (528 MW), todas no rio Jamanxim. Os dois rios fazem parte da bacia Amazônica e estão sendo planejadas dentro do que Muniz chama de "conceito de inserção regional" . Muniz mostra em um mapa o rio Xingu e o local da construção de Belo Monte e os rios Tapajós e Tocantins se encontram, tendo a Transamazônica no meio e a cidade de Altamira, no Pará, com seus 70 mil habitantes. "Aqui ficam as melhores terras roxas do Brasil, tem cacau, madeira e se pode adensar a cadeia produtiva", diz o executivo. O nome da |


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