Giro pelo mercado com Alexandre Yokoyama

Mercados... Bolsas asiáticas iniciaram a semana com sessões mistas. As bolsas de Tóquio e de Shanghai recuaram, enquanto em Hong Kong o mercado teve desempenho positivo. Na Zona do Euro, índices de mercado iniciam o dia com viés levemente positivo, e o índice pan-europeu, STOXX 600, avança 0,1% até o momento. Em NY, índices futuros também operam com ganhos modestos, assim como o dólar (DXY), que mantém um patamar elevado contra seus principais pares. 

Novo trimestre, mesma narrativa... Índices de mercado globais caminham para fechar um trimestre marcado pela alta volatilidade das bolsas sem direções claras. Após sessões mistas na Ásia, o mercado europeu inicia o dia com viés positivo, repercutindo um novo pedido de Mario Draghi por estímulos fiscais em entrevista, que reforçou a importância das medidas para a recuperação do ritmo de crescimento da economia europeia, além de novos desenvolvimentos envolvendo China e Estados Unidos.

Nesta frente, o governo americano acalmou ânimos após desmentir, mesmo que parcialmente, o plano de restringir investimentos em fundos americanos na China ou deslistar empresas chinesas no mercado acionário de NY. Com isso, se mantém o quadro de indefinição na relação comercial das duas maiores economias globais, e os mercados devem seguir reagindo ao tema enquanto espera o próximo encontro de negociadores de alto escalão, previsto para daqui a duas semanas.

Impeachment... No pano de fundo, o presidente americano segue ocupado com o inquérito de impeachment há mais de uma semana. Segundo o democrata e presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, o responsável pela denúncia anônima que embasou a abertura do processo contra Trump poderá testemunhar na Câmara "muito em breve", mas de maneira que proteja sua identidade.

Em resposta, Trump foi às suas redes sociais, onde relatou que quer conhecer seu denunciante, e sugeriu "grandes consequências" se tiver sido alvo de espionagem. Por ora, o tema segue como principal gerador de ruído ao lado da tensão comercial, e tudo indica que deve se manter assim, com políticos americanos já antecipando corrida presidencial do ano que vem.

Na agenda... Após dados do Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial na China apontar para uma leve melhora setembro, impulsionado principalmente pela demanda interna, o mercado se volta para os dados de emprego e da indústria nos EUA ao longo da semana.

■ Brasil

Senado deve votar Previdência na terça-feira... Após vários adiamentos, o dia 1/10 é a nova data marcada para o voto da PEC 06 no Senado. Antes que esta possa ser analisada no Plenário, o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) terá que ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça. Os senadores acreditam que ambas as etapas possam ser superadas no mesmo dia e a expectativa é que o relatório seja aprovado por ampla margem. Caso haja outro atraso, a pressão sobre o presidente da casa, Davi Alcolumbre (MDB-AP), que já vem sido amplamente criticado pela base eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, deve crescer.

STF pode retomar questão das considerações finais... Na semana passada, o placar no plenário do supremo foi definido: 7 a 3. Só restam os votos do presidente do tribunal, Dias Toffoli, e do ministro Celso de Mello, que estava ausente. A expectativa é que ambos sigam a interpretação da maioria que determinaram que o réu deve ter última palavra após as declarações dos delatores.

De qualquer forma, o escopo e impacto da decisão ainda precisão ser determinados. Em relação ao ex-presidente Lula, o mais provável é que a decisão só afete o caso do sítio, que só foi julgado em primeira instancia, e não o do tríplex, onde já houve condenação em segunda instancia. Apesar da data marcada para quarta-feira, já circulam rumores que a decisão do STF pode ser adiada por uma ou duas semanas.

Lula mais ou menos livre... O ex-presidente já cumpriu 1/6 da pena de 8 anos e 10 messes resultante da condenação no caso do tríplex. Agora, Lula terá o direito de progredir para o regime semiaberto, no caso do petista isso resultara em prisão domiciliar. Porém, o ex-presidente declarou abertamente que rejeitará a progressão por se recusar a aderir às restrições do novo regime, como usar tornozeleira eletrônica. O ex-presidente insiste que só sairá de sua cela em Curitiba com atestado de inocência.

Progressão deve seguir em frente... Lula não desperdiça oportunidades para proclamar a sua inocência, e a transição para o novo regime é mais uma delas. O ex-presidente ainda enxerga a sua condenação por uma lente política, então as declarações hiperbólicas não surpreendem. O petista deve se reunir com o seu advogado ainda esta semana para tratar da transição para o semiaberto. Apesar das restrições impostas por lei, com o novo regime Lula terá muito mais espaço para tocar a sua campanha em prol da sua inocência e contra Lava Jato.

Na agenda... Em dia de agenda doméstica fraca, saem a Focus (8h25) e resultado consolidado do setor público em agosto (10h30). Amanhã (3ªF), a produção industrial de agosto está prevista para mostrar crescimento, após de três meses de queda.

Fonte: Guide Investimentos