Os aliados que Eike Batista e a EBX já perderam até agora
Rompimentos com o bilionário quase sempre terminaram na Justiça
O tempo passou, as circunstâncias mudaram. Depois de festejar a admissão do executivo, Eike se calou sobre a sua saída. A assessoria da EBX tampouco forneceu detalhes sobre o afastamento de Mendonça (EXAME.com não conseguiu entrar em contato com o executivo até a publicação da matéria).
O que se sabe é que Mendonça estava na linha de frente da OGX, quando a empresa sofreu uma das suas fases mais críticas. Antes dos testes de vazão no campo de Tubarão Azul, a companhia estimou que os poços perfurados na região poderiam produzir até 20.000 barris de petróleo por dia. Depois de três meses de trabalho, o número caiu para a casa dos 10.000 barris. Em junho, a empresa rebaixou novamente a meta, desta vez para 5.000 barris.
O ruidoso ajuste fez o mercado colocar em xeque o otimismo aparentado pela petroleira em relação à sua real capacidade de produção, penalizando as ações da companhia e derrubando a cotação das demais empresas de Eike. Em dois dias, a OGX perdeu quase 11 bilhões de reais em valor de mercado. Para contornar os danos, Mendonça foi destituído do cargo de CEO, que ocupou por apenas três meses (antes disso, o executivo estava à frente da diretoria de exploração da empresa). Nesta quinta, ele acabou saindo da empresa.
Fora dos “X-men”
Esta não é, contudo, a primeira vez que um parceiro inicialmente aclamado por Eike acaba deixando uma de suas companhias. Com outros, inclusive, as relações estremeceram de vez. O caso mais emblemático é de Rodolfo Landim, também egresso da Petrobras e ex-presidente da OGX.
Convidado por Eike para lançar a empresa, o executivo saiu do grupo em 2010, após se desentender com Eike. Hoje, Landim luta na Justiça para vender um lote de ações da OGX que ganhou de bônus em 2008. Outra grande batalha é por uma fatia de 1% da Centennial, holding que controla os negócios de Eike. O percentual havia sido prometido pelo bilionário em um bilhete escrito à mão, quando ele cortejava a entrada de Landim nos seus projetos. Ainda parado no Tribunal de Justiça, o caso envolve valores que podem chegar a meio bilhão de reais.
A troca de farpas entre os dois é pública e notória. Eike já chamou Landim de "coitado". No processo, classifica sua investida de "fantasiosa versão" e "pura invencionice". Landim, por sua vez, costuma repetir que o antigo chefe usou seu conhecimento e o descartou. A escalada no valor de mercado da OGX desde a sua criação, seria, para Landim, uma prova do trabalho que ele teria desenvolvido dentro da empresa.
“Tolinho”
Outro desafeto de Eike é o geólogo baiano João Carlos Cavalcanti, que foi sócio do bilionário em duas oportunidades – em um projeto de abastecimento de água mineral e em uma empresa de mineração. Cavalcanti alega que Eike prometeu investimentos na empreitada sem ter como cumpri-los. Por isso, pede 22 milhões de reais do executivo, em processo que também corre na Justiça.
Em entrevista recente ao site de Veja, J.C., como é conhecido, afirmou que Paulo Mendonça, que acaba de sair da EBX, seria a bola da vez de um Eike que sente necessidade de apontar culpados quando seus negócios não vão bem. "Aconteceu algo parecido com o Rodolfo Landim. Ele o contrariou, quis aparecer mais que o Eike, começou a falar demais e foi detonado. Já o Paulo, até pouco tempo atrás, era chamado pelo Eike de Mr. Oil. Não creio que continue assim", afirmou. Na época, o homem mais rico do Brasil limitou-se a taxar J.C. de “tolinho” na sua página no Twitter.
Ainda que as circunstâncias da saída de Mendonça não tenham sido esclarecidas por nenhuma das partes, J.C. parece ter acertado em uma coisa: o afastamento do executivo não tardou a chegar.


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