Eike vê valor na LLX, mas não vai pagar por isso
Minoritários podem questionar preço proposto, avaliam analistas
São Paulo – A proposta de fechamento de capital da LLX (LLXL3) lançada por Eike Batistae pelo fundo de pensões canadense Ontário Teachers Pension Plan mostra que os sócios acreditam que o mercado não tem entendido o valor real das operações da companhia. Com isso, ambos propuseram o valor de 3,13 reais por ação, o que corresponde à média dos últimos 20 pregões até sexta-feira, mais um ágio de 25%.
Desta forma, Eike e o seu maior parceiro na empresa de logística se aproveitam de uma cotação que está perto das mínimas desde a estreia em 28 de julho de 2008 (negociadas a 4,90 reais), após a sua separação da mineradora MMX (MMXM3), também do bilionário. O homem mais rico do Brasil quer, assim, passar um recado de confiança em seu negócio, já que a sua reputação foi posta em xeque após uma derrapada na gestão da petroleira OGX (OGXP3). A empresadespencou na bolsa após um desalinhamento de expectativas com o mercado sobre as metas de produção de petróleo e levou consigo as demais ações do empresário na bolsa.
Apesar de enxergar valor nas operações da LLX, Eike e o fundo não parecem dispostos a pagar por isso. O preço de 3,13 reais soa baixo quando comparado com o projetado por analistas do mercado. “Não ficaríamos surpresos se os minoritários questionarem o preço sugerido”, destacaram os analistas Fernando Abdalla e Ricardo Rezende, do JP Morgan, em uma nota. Eles têm um preço-alvo de 5,40 reais para a ação.
“Acreditamos que a decisão de tirar a LLX da bolsa está baseada no desconto excessivo que os investidores estão aplicando aos projetos que irão maturar nos próximos anos. Em nossa visão, a administração da LLX irá focar em retirar o risco da empresa durante os anos seguintes e uma potencial nova listagem é uma possibilidade após isso”, apontam Rodrigo Barros e Leandro Cappa, analistas do Deutsche Bank.
Segundo Victor Mizusaki, do UBS, no pior dos cenários, o valor por ação da LLX seria de 3,10 reais, que considera a empresa sem o TX1. O terminal offshore (no mar) está ligado ao Superporto do Açu em construção no norte do estado do Rio de Janeiro e consiste em uma ponte de acesso com 3 quilômetros de extensão, além de um píer de rebocadores, de minério de ferro e um canal de acesso e bacia de evolução. O TX1 poderá movimentar até 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e 800 mil barris de petróleo por dia.
Desta forma, o valor assumiria apenas o valor do TX2 – terminal em terra com uma área de 8 milhões de metros quadrados e de 2 milhões de metros quadrados para a instalação de indústrias – e o complexo de mineração Minas-Rio que tem como sócio a Anglo American (49% de participação), que conta com uma mina, planta de beneficiamento e um mineroduto.
Para Misuzaki, apesar de o valor proposta estar em linha com o exigido pela legislação brasileira, o preço “tem um viés de alta” porque parece não incorporar o valor dos outros segmentos de negócios, como a movimentação de carga e receitas de locação do terminal TX1 ou dos contatos de movimentação de petróleo.
O analista tem um preço-alvo de 6,90 reais por ação, que caso fosse considerado como um novo valor para a oferta elevaria o desembolso dos sócios para o fechamento de capital de 608 milhões de reais para 1,3 bilhão de reais. Para Misuzaki, a mudança “não seria um problema” para Eike e o fundo canadense.


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