Os fundos de renda fixa mais rentáveis
Aplicações concentradas em títulos atrelados à inflação foram as campeãs de rentabilidade em 2011 - uma tendência que se mantém para este ano.
Fundos que investem em títulos públicos que protegem o investidor do dragão da inflação se destacaram em 2011
São Paulo – Os fundos que aplicam em papéis atrelados à inflação foram os mais rentáveis da categoria de renda fixa em 2011. A consultoria Economática realizou um levantamento dos dez fundos que registraram as maiores rentabilidades no ano passado (veja os resultados na tabela abaixo e a metodologia da pesquisa no final desta reportagem). Todos eles, sem exceção, investem primordialmente em títulos públicos que garantem um retorno equivalente à inflação pelo IPCA mais uma taxa de juros (as NTN-B, ou Notas do Tesouro Nacional série B).
| Nome | Classificação Anbima | Empresa gestora | Taxa de administração (% ao ano) | Rentabilidade em 2011 (%) |
|---|---|---|---|---|
| HSBC FI RF LP Precos | Renda Fixa | HSBC Gestao de Recursos Ltda | 0,50 | 17,79 |
| Sul America Inflatie FI RF LP | Renda Fixa Índices | Sul America Investimentos | 0,40 | 17,06 |
| BTG Pactual IPCA FI RF | Renda Fixa Índices | BTG Pactual | 1,00 | 16,48 |
| Caixa FIC Novo Brasil Ima B RF LP | Renda Fixa Índices | Caixa | 0,20 | 15,95 |
| FI Caixa Brasil Ima B Tp RF LP | Renda Fixa Índices | Caixa | 0,20 | 15,60 |
| Caixa FIC Patrimonio Ind Precos RF LP | Renda Fixa | Caixa | 0,30 | 15,16 |
| Jpm Real Rates FI RF | Renda Fixa Índices | Jpmorgan Asset Management | 0,40 | 15,12 |
| FI Caixa Brasil Ima B 5 Tp RF LP | Renda Fixa Índices | Caixa | 0,20 | 15,11 |
| FIC Vot Inflation RF | Renda Fixa Índices | Votorantim Asset | 0,50 | 15,09 |
| Bradesco FI RF Ima B | Renda Fixa Índices | Bram Bradesco Asset Management SA Dtvm | 0,20 | 14,85 |
O objetivo de cada um dos líderes do ranking varia bastante, mas a maioria busca bater a rentabilidade do IMA-B, um índice de títulos públicos atrelados à inflação criado pela Anbima (a associação de bancos e fundos de investimento). O IMA-B é constituído por uma cesta de NTN-B com diversos prazos de vencimento (atualmente entre 7 meses e 33 anos) e registrou uma valorização de 15,11% no ano passado - algo bem acima da média das aplicações de renda fixa.
Em geral, as NTN-B se destacam em rentabilidade quando existe no mercado a expectativa de que a inflação será alta. Nesse cenário, os investidores buscam proteção nesses papéis porque eles garantem que não haverá a corrosão do poder de compra pela inflação e ainda pagam uma taxa de juros real superior a 5% (neste momento).
Para bater a valorização de 15,11% do IMA-B em 2011, os líderes do ranking precisaram comprar títulos públicos nos prazos que se valorizaram mais – no caso, aqueles com os vencimentos mais curtos. Outra possibilidade é que o gestor tenha se antecipado à decisão do Banco Central de cortar os juros em agosto lucrando também com títulos prefixados que, na época, pagavam juros substancialmente maiores que os atuais.
Aplicações concentradas em títulos atrelados à inflação foram as campeãs de rentabilidade em 2011 - uma tendência que se mantém para este ano
2012
Para Marcelo Saddi, diretor da SulAmérica Investimentos e responsável pelo segundo fundo de renda fixa mais rentável de 2011, neste ano os papéis atrelados à inflação devem continuar a se destacar em termos de rentabilidade. O gestor acredita que as NTN-B terão uma rentabilidade superior à Selic média do ano – projetada por ele em 9,7%.
Ao longo de 2012, a economia deve começar a reagir aos estímulos do governo (queda de juros, redução dos depósitos compulsórios dos bancos e cortes de impostos), gerando mais inflação. Mesmo nesse cenário, a maioria dos analistas acredita que o BC não seria tão rígido com o aumento dos preços e continuaria a tolerar uma inflação mais próxima ao centro da meta, como no ano passado.
Para quem concorda com essas colocações, a forma mais fácil de investir em títulos indexados à inflação é por meio de fundos. Na lista dos dez mais rentáveis de 2011, há apenas dois que estão abertos apenas a investidores qualificados e exigem dos poupadores um patrimônio mínimo de 300.000 reais em aplicações financeiras. Alguns dos demais, no entanto, não são quase nada restritivos. O SulAmérica Inflatie FI RF LP, por exemplo, exige uma aplicação inicial mínima de 25.000 reais e movimentações subsequentes a partir de 5.000 reais.
Investir nos melhores fundos de 2011 também não é caro. A taxa de administração média é de apenas 0,39% do dinheiro investido ao ano. Se o gestor alcançar uma rentabilidade superior à meta do fundo, entretanto, é provável que seja necessário pagar também uma taxa de performance.
Já o investidor que prefere investir em títulos públicos diretamente também pode fazê-lo por meio do Tesouro Direto. A ferramenta desenvolvida pelo governo federal permite que as pessoas físicas comprem papéis do Tesouro por meio de uma corretora. Algumas instituições não cobram taxas para intermediar a compra dos papéis, mas será necessário desembolsar cerca de 0,3% ao ano para remunerar a custódia dos títulos (clique aqui e veja como investir).
Para Saddi, os papéis mais indicados para investimento são as NTN-B com vencimentos mais longos (mais de cinco anos). Ele acredita que esses títulos protegem os investidores de avanços inflacionários e ainda embutem taxas de juros interessantes. Os papéis também registraram um desempenho inferior aos mais curtos no ano passado - um movimento que pode se reverter agora.
É importante notar que, se a estratégia estiver errada e houver uma forte revisão para baixo nas expectativas de inflação do mercado, esses papéis deverão sofrer mais que os curtos. No entanto, Saddi aposta no oposto disso. Ele acredita que a economia brasileira tende a gradualmente caminhar para patamares de juros e inflação mais parecidos com os de países desenvolvidos. Dentro de alguns anos, portanto, dificilmente o investidor terá a chance de comprar um título público que pague IPCA mais 5,5% ao ano – garantindo um bom lucro a quem tiver se antecipado a esse cenário.
Metodologia
O estudo dos fundos de renda fixa mais rentáveis de 2011 foi realizado com exclusividade para EXAME.com por Einar Rivero a partir de uma consulta à ferramenta de fundos da consultoria Economática. O levantamento considerou quatro categorias de fundos: Referenciado DI, Renda Fixa, Renda Fixa Índices e Renda Fixa Crédito Livre. Para apresentar nos resultados aplicações em que qualquer pessoa pode investir, foram excluídos da pesquisa os fundos exclusivos e aqueles com menos de 100 quotistas.
O levantamento também desconsiderou os fundos com menos de um ano de vida, os inativos e aqueles com patrimônio inferior a 50 milhões de reais. A Economática informou ainda que os fundos que não tinham algum dado disponível na base da Economática/Anbima tiveram de ser eliminados.


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