abril 27, 2011

MBAs caros, arrogantes e ineficientes

Criticados por especialistas, os cursos de MBA das mais renomadas escolas de negócios do mundo decidem, finalmente, atualizar seus currículos


Harvard Business School (HBS)
Harvard Business School: os tradicionais estudos de caso perdem peso no novo currículo do MBA
O americano John Thain, ex-presidente do Merrill Lynch, ganhou notoriedade mundial em 2008, quando se tornou público o gasto de 1,2 milhão de dólares com a decoração de seu escritório, enquanto o sistema financeiro mundial dava os primeiros sinais do colapso.
Richard Wagoner, ex-presidente mundial da GM, foi forçado a deixar a empresa no início de 2009, sob forte pressão do governo, depois de fracassar na tentativa de recuperar aquela que já havia sido a maior montadora do mundo. Além de protagonizar dois dos principais casos de derrocada no auge da crise, Thain e Wagoner têm outra coisa em comum. Ambos frequentaram as salas de aula do prestigiadíssimo MBA de Harvard, que chega a custar mais de 80 000 dólares por dois anos de curso.
Trajetórias de ex-alunos poderosos com desfechos desastrosos colocaram as mais reputadas escolas de negócios do mundo na lista de vilões da recente história corporativa. A resposta às críticas demorou, mas veio. Quase todas as instituições de ponta anunciaram alterações em seus currículos de MBAs nos últimos meses.
Em janeiro, Harvard fez um anúncio surpreendente. A escola, que montou a primeira turma de MBA no mundo em 1908, informou que, a partir deste ano, vai reduzir o peso da discussão de estudos de casos em sala de aula — prática que até então era sua marca registrada. Em vez de analisar o passado, os alunos devem investir mais tempo em projetos realizados dentro de empresas.
A ideia é que os alunos possam experimentar de maneira mais intensa a tomada de decisões no dia a dia dos negócios. “As pessoas perderam a confiança nos negócios, e nossos alunos parecem responsáveis por isso”, disse durante o anúncio das mudanças o especialista em liderança Nitin Nohria, reitor da escola de negócios de Harvard.
Na mesma linha, Wharton, MIT Sloan e Haas, da Universidade de Berkeley, anunciaram alterações que passam a valer neste ano, como a inclusão de disciplinas de ética ou a seleção mais rígida do aluno, com a averiguação de seu comportamento passado. As mudanças em massa indicam um dos raros momentos de autorreflexão de instituições que mudaram pouco em quase um século de existência.