março 17, 2011

André Esteves, o homem do risco

Como André Esteves conseguiu multiplicar o valor do BTG Pactual por 4 em menos de dois anos — e por que ele agora tem de correr para entregar o resultado que prometeu

  EXAME

André Esteves, presidente do BTG Pactual
André Esteves: “Hoje, o maior desafio do banco é usar o capital de forma eficiente. Nunca tivemos tanto dinheiro para investir em tão pouco tempo”
André esteves tem pressa. Nos últimos dois meses, o banqueiro carioca de 41 anos, controlador do BTG Pactual, fez negócios milionários num ritmo estonteante mesmo para seus já elevados padrões de agressividade. Em dezembro, anunciou que um grupo de investidores estrangeiros (seis fundos e quatro famílias) comprara 18% do BTG Pactual por 1,8 bilhão de dólares. Com isso, a participação de Esteves no capital do banco passou a valer cerca de 3 bilhões de dólares. Pouco mais de um mês depois de fechar o contrato com os fundos, já estava assinando a compra do arruinado banco PanAmericano, do empresário Silvio Santos, por 450 milhões de reais — um negócio tão polêmico e midiático que fez do nome do banco uma das palavras mais citadas no site de mensagens Twitter. Na mesma semana, Esteves fechou a aquisição da rede de varejo carioca Casa & Vídeo. Foram dois meses em que ele simplesmente parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo. “Hoje, o maior desafio do banco é usar o capital de forma eficiente”, diz Esteves. “A gente nunca teve tanto dinheiro para investir em tão pouco tempo.”
De onde vem essa urgência toda? Há, aqui, dois componentes essenciais para explicar a pressa de André Esteves. O primeiro é inato à sua personalidade. Certa ansiedade, doses cavalares de ambição e um arrojo incomum na hora de arriscar fizeram dele o que é hoje. Nascido numa família de classe média no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, e formado em matemática, Esteves começou no então banco Pactual como analista de sistemas, consertando computadores, 21 anos atrás. Tornou-se bilionário em 2006, quando, já presidente do banco, vendeu o Pactual ao suíço UBS por 2,6 bilhões de dólares. Mas decidiu que era pouco: logo depois, articulou uma fracassada tentativa de comprar o controle do próprio UBS. Esteves não queria ser mais um na hierarquia do banco, mas sim, em suas palavras, “transformar 2 bilhões em 6”. Fez, então, uma proposta para ter o Pactual de volta. Também deu errado. Acabou deixando o banco e fundando o BTG em 2008. Em abril de 2009, em meio à crise financeira internacional, o UBS decidiu vender a operação brasileira. Esteves fechou o negócio em questão de dias. Nascia, assim, o BTG Pactual.