fevereiro 20, 2011

A volta dos IPOs

Dezenas de empresas se preparam para abrir seu capital na bolsa de valores brasileira, num ano que promete ter volume de operações recorde

Fonte: Exame

David Neeleman, fundador da companhia aérea Azul

David Neeleman, fundador da companhia aérea Azul: uma das candidatas à abertura de capital em 2011.

Assim como os vinhos, as empresas que abrem o capital na bolsa de valores podem ser divididas em safras: há anos bons, há anos regulares, há anos horrorosos. De 2004 para cá, quando os IPOs — sigla em inglês para oferta inicial de ações — entraram na rotina dos investidores brasileiros, houve de tudo um pouco. Bons anos, como 2004, em que chegaram à bolsa empresas como Natura e Porto Seguro, apostas que renderam retornos memoráveis. Anos razoáveis, como 2005. E houve, como destaque absoluto, as péssimas safras 2006 e 2007, quando 90 companhias foram à bolsa e, em sua maioria, provaram-se maus investimentos.

Na média, o histórico recente dos IPOs no Brasil está mais para ruim do que para bom. Apesar disso, houve no caminho inegáveis casos de sucesso. Nos últimos seis anos, surgiu no país uma nova geração de empresários que buscaram no mercado de capitais o combustível para crescer — e, com isso, enriquecer quem investia com eles. Foi assim com uma série de empreendedores, como João Alves de Queiroz Filho, da Hypermarcas, Elie Horn, da Cyrela, ou Eike Batista, do grupo EBX. Quem será o próximo dessa lista? Ao que tudo indica, o número de candidatos será grande em 2011. “Se as coisas continuarem no ritmo atual, neste ano teremos o maior volume de aberturas de capital da história”, diz Edemir Pinto, presidente da BM&F Bovespa. Ele espera que as novatas levantem mais de 55 bilhões de reais no ano.
Se a safra 2011 vai ser boa ou não para os investidores, é cedo para dizer. Mas o mês de janeiro deixa claro que se vive, hoje, uma euforia que não era vista desde o estouro da crise financeira mundial em 2008. Em janeiro, havia oito ofertas iniciais de ações registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No dia do fechamento desta edição, a varejista de calçados Arezzo concluía seu concorrido lançamento de ações.
A operadora de shoppings Sonae Sierra, a fabricante de autopeças Autometal e a companhia de petróleo do Grupo Queiroz Galvão tentavam levantar, somadas, mais de 4 bilhões de reais. Também em janeiro, a IMC, holding de alimentação do fundo de private equity Advent, e o grupo de entretenimento Time for Fun registraram seus pedidos de oferta na CVM. No fim do mês, empresários, advogados e banqueiros de investimentos trabalhavam dia e noite para finalizar os números do quarto trimestre de 2010 e, assim, deixar as companhias prontas para o IPO no início do ano.