junho 20, 2010

Razões para ficar fora de IPOs

 




IPO da BM&F
Ações da BM&F sofreram "underpricing", uma desvantagem para investidores


Ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) são um grande negócio para o dono da empresa que vende os papéis, para os bancos de investimento que assessoram as operações e para a BM&FBovespa. Para o investidor, no entanto, apostar em uma estreante da bolsa costuma ser um péssimo negócio no Brasil, segundo estudo da gestora Rio Bravo. A maioria das empresas brasileiras que abriu seu capital entre 2004 e 2008 viu suas ações acumularem desempenho inferior ao do Ibovespa. Na raiz do desempenho ruim, estariam conflitos de interesse entre bancos coordenadores de IPOs, empresas e investidores.
Das 110 empresas analisadas, apenas 24% tiveram retorno excedente ao Ibovespa. Já as perdas superaram 50% em alguns casos. Entre os bancos coordenadores de IPOs, os que acumularam os piores resultados foram o JPMorgan e o Morgan Stanley. Cada um coordenou cinco IPOs, cujos desempenhos ficaram, em média, 21% e 22% abaixo do Ibovespa a cada ano. O único banco que apresentou um resultado positivo para os IPOs que coordenou foi o Itaú BBA. Mesmo assim, suas sete ofertas iniciais tiveram, no total, um retorno anual apenas 1% maior que o do Ibovespa.
De acordo com o coordenador do estudo e analista de investimentos em renda variável da Rio Bravo, Fernando Bevilacqua e Fanchin, não é que os investidores devam abolir as ações de IPOs de suas carteiras. O estudo, pelo contrário, defende que a abertura de capital das empresas é essencial para o desenvolvimento econômico do país. No entanto, o investidor precisa observar com maior atenção se a empresa apresenta sólido histórico de resultados e tem potencial de gerar bons retornos.
"Preciso ter em mente que, quando eu compro uma ação, estou me tornando sócio de um negócio. Ele deve ser competitivo, rentável, com boas perspectivas no mercado. Além disso, a ação deve ter um preço justo", explica o analista. "E o investidor também deve estar atento aos conflitos de interesse envolvidos naquele IPO'', conclui.
Razões para ficar fora
O principal motivo para o mau desempenho dos IPOs brasileiros estaria relacionado ao preço e ao volume elevados das ofertas de ações iniciais. Nos IPOs, os bancos de investimento são responsáveis por propor uma faixa indicativa de preço para as ações condizente com seu tamanho e potencial de crescimento. A faixa é estabelecida pelo banco após meses de profunda análise do negócio.
O preço, no entanto, é formado a partir das propostas de compra apresentadas pelos investidores (bookbuilding). Só que os gestores de fundos e pequenos aplicadores não têm tanto tempo para avaliação nem tanto acesso à informação quanto os bancos para concluir se uma ação está barata ou cara. Como os bancos têm interesse em jogar o preço da ação para cima - porque isso vai aumentar a taxa cobrada pela assessoria da operação -, o investidor correrá um belo risco de pagar caro e depois amargar um prejuízo
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