Marcos Issa/Bloomberg
Eike Batista: do topo para fora do clube dos bilionários em um ano
Segundo a Bloomberg, a fortuna de Eike é avaliada hoje em 200 milhões de dólares – apenas uma fração dos 34,5 bilhões de dólares que o empresário chegou a possuir em março do ano passado, quando era o oitavo homem mais rico do mundo, colocando-o no topo dos
bilionários globais.
Além da forte queda das ações de suas companhias, arrasadas por uma crise de credibilidade desde meados do ano passado, o que corroeu a fortuna de Eike também foi o acordo com o fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala.
Segundo a Bloomberg, três fontes que preferiram não se identificar afirmaram que Eike deve 1,5 bilhão de dólares ao Mubadala. Ele teria, ainda, acumulado 2 bilhões de dólares em dívidas pessoais, fruto das garantias que empenhou.
US$ 100 bilhões
Em fevereiro de 2010, Eike Batista chamava a atenção da mídia e dos investidores de todo o mundo com planos ambiciosos de erguer empresas de base no Brasil, como a petroleira OGX, a mineradora MMX e a companhia de logística LLX. Naquela época, o empresário era uma estrela em ascensão, e ocupava a 61ª posição entre os homens mais ricos do mundo na lista da revista americana Forbes, com 7,5 bilhões de dólares.
Questionado por um perplexo Rose sobre o tamanho da cifra, Eike não se fez de rogado e respondeu: "Sim, o que eu posso fazer? Estou com sorte..."
Nos dois anos seguintes, Eike pareceu estar no caminho de concretizar seu sonho. Em março do ano passado, atingiu seu pico, tornando-se o oitavo homem mais rico, segundo a Bloomberg, com um patrimônio de 34,5 bilhões de dólares.
Mas a sorte que revelou a Rose parece ter acabado. As coisas começaram a mudar a parte de meados do ano passado, quando a OGX, sua petroleira, rebaixou a previsão de produção de Tubarão Azul, seu principal campo, de 20.000 barris diários para apenas 5.000.
Foi o estopim de uma crise de credibilidade que arrastou todas as empresas de capital aberto do Grupo EBX e, com ele, a fortuna de Eike. Desde então, o empresário frequenta o noticiário mais no papel de gestor de crises, que de gerador de riqueza. A nota de risco de suas empresas foi rebaixada pelas agências de classificação a patamares nada honrosos, como "especulativo" ou "lixo", o que reforça o medo dos credores de um calote.
Personalidades importantes do mundo dos negócios abandonaram o barco,
como o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, que saiu do conselho de administração da OGX. Pouco depois, a OGX afirmou que pode encerrar a produção de Tubarão Azul no ano que vem, devido à dificuldade de extrair petróleo com viabilidade comercial.
Último aliado
Um acordo com o banqueiro André Esteves, no início desse ano, foi a última cartada de Eike para salvar seu grupo. O BTG Pactual, de Esteves, tornou-se assessor financeiro do empresário e se comprometeu a reestruturar o grupo. Na prática, isso tem significado a busca de compradores para ativos das empresas ou para empresas inteiras, a fim de obter dinheiro para pagar compromissos e cumprir investimentos.
O próprio Mubadala, citado pela Bloomberg como um dos motivos para Eike deixar de ser bilionário, renegociou as dívidas que a EBX possui com o fundo.
Há poucos dias, Eike defendeu-se das críticas que sofre em um artigo publicados nos jornais Valor Econômico e O Globo. No texto, o ex-bilionário admite que falhou e decepcionou muita gente,
mas afirma que ninguém perdeu mais do que ele nesta crise. A julgar pela velocidade com que sua fortuna evaporou em um ano, ele sabia do que estava falando.