outubro 31, 2012

Takanobu Ito, presidente mundial da Honda


"Nós não vamos perder para os chineses"

Poucos setores da economia simbolizam tão bem a internacionalização das marcas chinesas quanto a indústria automobilística.

Por Hugo CILO

Nos últimos três anos, dez marcas de lá desembarcaram no mercado brasileiro – na mais intensa ofensiva estrangeira já vista no segmento. Algumas delas, como a Chery e a JAC, estão construindo fábricas no País para ganhar competitividade e aproveitar os benefícios fiscais anunciados pelo governo federal. Essa concorrência é boa para o consumidor, mas tem sido observada com atenção pelas montadoras veteranas no Brasil, como a Honda. No entanto, para o presidente mundial da marca, Takanobu Ito, a fabricante japonesa está pronta para a disputa. “E não vai perder”, disse o executivo à Dinheiro.

DINHEIRO – O mercado automobilístico brasileiro está se transformando de forma muito rápida, obrigando as montadoras a se adaptarem. Como o sr. avalia essa mudança? 
TAKANOBU ITO – Eu já vim umas dez vezes ao Brasil. Cada vez que venho, percebo que mais carros estão circulando pelas ruas. Esse não é um fenômeno exclusivo de grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em Manaus, por exemplo, há cada vez mais congestionamentos, algo que não existia alguns anos atrás. Para o mercado automobilístico, isso é sinal de que as vendas estão indo muito bem.
 
DINHEIRO – O novo regime automotivo anunciado pelo governo federal será suficiente para estimular os investimentos nos próximos anos?
ITO – O plano de medidas desenvolvido pelo governo é muito bem-vindo e vem ao encontro da nossa política interna. A redução de impostos para as montadoras que investirem em pesquisa e tecnologia com certeza ajudará a modernizar a indústria como um todo e fortalecerá as empresas que estão dispostas a oferecer produtos melhores e mais eficientes. 
 
DINHEIRO – E a redução do IPI, que foi estendida até o fim do ano, não deveria ser uma desoneração permanente, na sua opinião? 
ITO – Acredito que todos os planos de estímulo elaborados pelo governo brasileiro estão mostrando bons resultados e, sempre que forem necessários, serão prorrogados para estimular o consumo e garantir uma aceleração à economia.
 
DINHEIRO – A Honda pretende lançar algum modelo popular para concorrer com o Toyota Etios e o Hyundai HB 20?
ITO – Vamos lançar o Honda Fit Twist, o primeiro carro da nossa marca desenvolvido exclusivamente para o mercado brasileiro. O visual do carro foi pensado de acordo com os gostos e preferências do consumidor local, sem abrir mão dos atributos que fizeram do Fit um sucesso de vendas. Por enquanto, vamos celebrar o lançamento desse modelo. O lançamento de outros modelos, com certeza, será pensado em um futuro próximo. 
 
DINHEIRO – A Honda não corre o risco de ficar para trás no segmento dos populares, que responde por mais de 50% das vendas no País?
ITO – Acabamos de lançar na Ásia um carro popular compacto que se chama Brio. É um modelo que se enquadra nesse perfil a que você está se referindo. Mas, por enquanto, é um carro concebido para o mercado asiático. Sabemos que nosso desempenho não depende apenas de ter um carro barato, mas de ter um produto que tem a confiança dos consumidores.
 
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Casas pegam fogo em área inundada pelas águas do rio Natori, no noroeste do Japão
 
DINHEIRO – O mercado brasileiro não comporta mais lançamentos da Honda, já que o Fit, o New Civic e o CVR são modelos que já estão há muitos anos disponíveis no País? 
ITO – O mercado brasileiro é muito grande e promissor. Temos a confiança de que nossos clientes estão muito satisfeitos com nossos produtos. Por isso, queremos ampliar ainda mais essa percepção de confiança conquistada com os carros e motos que já temos, não nos preocupando tanto em lançar outros modelos. 
 
DINHEIRO – As marcas chinesas estão entrando com tudo no mercado, oferecendo carros mais equipados e com preços mais acessíveis que os das marcas japonesas. Isso não o preocupa?
ITO – Não estamos preocupados com isso porque temos absoluta confiança em nossos produtos, e sabemos que os consumidores também sentem a mesma confiança na qualidade Honda. Por isso, nós não vamos perder para os chineses. Temos credibilidade. Somos a marca mais popular em motocicletas e queremos ser assim também em automóveis. Para isso, vamos reforçar nosso portfólio, a rede de concessionárias e o desenvolvimento de produtos.
 
DINHEIRO – As marcas chinesas não podem construir uma relação de credibilidade com os brasileiros?
ITO – Sim, podem. E farão isso. Só que sempre estaremos à frente, porque não paramos de investir em pesquisa e novas tecnologias. No segmento de motocicletas, somos líderes há décadas. Quem tem uma moto Honda confia na marca. Esses mesmos consumidores, com o aumento do poder de consumo, com certeza comprarão carros da Honda, movidos pela confiança. Continuaremos a fortalecer nossa relação com os consumidores, com novos produtos e produtos cada vez melhores, enquanto as novas marcas precisarão trabalhar muito para construir uma boa reputação. Um dia essas marcas terão seus conceitos definidos pelos consumidores, boas ou não, mas 
isso leva tempo. 
 
DINHEIRO – Os problemas causados pelo tsunami no Japão foram superados pela indústria do país? 
ITO – Toda a indústria japonesa, não apenas as montadoras, foi afetada pelo terremoto e pelo tsunami, mas hoje tudo está normalizado. 
 
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Joalheria de luxo na Rua Oscar Freire, em São Paulo
 
DINHEIRO – A crise europeia transformou o Brasil em prioridade para as empresas do seu país?
ITO – Existem três regiões que são prioridade para nós. A China, que é o maior mercado do mundo em termos de crescimento, o restante da Ásia e o Brasil. A expansão das vendas de veículos no Brasil faz do país uma peça de extrema importância para as nossas estratégias globais. 
 
DINHEIRO – Como a crise europeia está afetando os negócios da Honda e da indústria automobilística?
ITO – As operações da Honda no mercado europeu são muito pequenas em comparação à maioria das grandes montadoras. Na minha opinião, a crise não será resolvida em pouco tempo. Mas estamos relativamente tranquilos porque as vendas estão crescendo em outros países.

DINHEIRO – E no Brasil?
ITO – A participação de mercado da Honda passou de 1,8% em 2011, para 3,9%, em julho deste ano. Dobramos nossa fatia em apenas um ano graças à renovação de nossa linha de produtos, e por estarmos sempre alinhados ao que o brasileiro quer. Superamos, três meses atrás, a marca de um milhão de unidades produzidas no País. Essa marca foi atingida em 15 anos. Nossa meta é vender mais um milhão nos próximos cinco anos. 
 
DINHEIRO – A participação maior no mercado não motiva a montadora a trazer novidades ao País?
ITO – Sim. Além do Fit Twist, lançaremos o New Civic 2.0, a CVR flex e, em 2015, começaremos a vender nossos carros de luxo da marca Acura.
 
DINHEIRO – Trazer a marca Acura faz parte de uma estratégia para elitizar a marca Honda?
ITO – Não, porque a imagem da Honda já está consolidada. Nós apostamos muito no mercado de luxo brasileiro. Por isso, traremos uma marca premium. O que faremos com a Acura representa uma diversificação dos negócios. Inicialmente, ofereceremos três modelos da marca: o esportivo NSX, o sedã ILX e o utilitário esportivo RDX. Há cerca de 25 anos, eu participei do desenvolvimento do NSX. Me orgulho de fazer parte do projeto e desse novo momento do carro.
 
DINHEIRO – E os investimentos?
ITO – Por uma questão estratégica, nós não revelamos detalhes de nossos planos de investimento. O que posso dizer é que, nos próximos dois anos, vamos investir R$ 100 milhões na ampliação de nosso centro de pesquisa e desenvolvimento. Nos últimos 15 anos, investimos mais de US$ 1 bilhão aqui. Antes, os projetos vinham prontos do Japão. A partir de agora, faremos projetos locais, com aumento de estrutura e de engenheiros.
 
DINHEIRO – Planeja uma nova fábrica?
ITO – Por enquanto, não é necessário. A unidade de Sumaré, no interior de São Paulo, tem condições de atender à demanda atual e continuar suprindo o crescimento das vendas para os próximos anos.
 
DINHEIRO – Até quando a fábrica conseguirá suprir o ritmo de crescimento?
ITO – A fábrica tem apenas 15 anos e possui uma estrutura moderna, que pode aumentar a produtividade com alguns ajustes. Se for necessário, podemos ampliar a unidade. Se precisarmos de outra fábrica, estaremos prontos para construir. Como já disse, o Brasil é uma das nossas prioridades.

Classe média consome como o 18º mercado mundial



A gerente de Projetos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), Alessandra Ninis, apontou nesta quarta-feira que a classe média brasileira gastou R$ 975 bilhões em 2011. "Se a classe média brasileira fosse um País, seria o 18º mercado consumidor do mundo, ou seja, estaria no G-20", comentou Alessandra, durante o IV Fórum Banco Central de Inclusão Financeira, realizado na capital gaúcha.
Os dados fazem parte do estudo da SAE chamado "Vozes da Classe Média". Em junho, a SAE divulgou as faixas que leva em conta para definir as classes sociais da população brasileira, colocando como classe média as famílias de renda per capita entre R$ 291 e R$ 1.019. Essa classe média dependeu, segundo Alessandra, da renda do trabalho para ascender. Segundo ela, na média, a renda desse grupo é 2,5 vezes mais alta que a da classe baixa, mas quatro vezes menor do que a da classe alta.
Alessandra disse que essa parcela da população ainda faz pouco uso do sistema financeiro, já que 77% pagam despesas em dinheiro. "Quanto ao endividamento, 28% da população da classe média tem dificuldade de honrar dívidas, proporção que cai para 19% na classe alta", afirmou.
Nova classe média
De acordo com o diretor de regulação do sistema financeiro do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, "a emergência de uma nova classe média" no Brasil é fruto de "transformações profundas, de melhora das condições macroeconômicas do País", registradas nos últimos anos. O BC manifesta que cerca de 40 milhões de pessoas ingressaram nesse segmento da população nos últimos dez anos.
Para Awazu, a evolução das condições econômicas e sociais do País, com avanço do padrão de renda nos últimos anos, requer uma avaliação mais profunda sobre a demanda por serviços financeiros no Brasil. "É preciso verificar como isso modifica o comportamento das famílias e o que implica em mudanças para os supervisores do sistema financeiro nacional", afirmou.
2012 Agência Estado. Todos os direitos reservados.

A companhia se esconde, a ação sofre


O interesse dos investidores pelas empresas brasileiras vem crescendo desde 2004, ano que marca a revitalização do mercado de capitais. O primeiro contato ocorre, em geral, com o Departamento de Relações com Investidores (RI). Como tem sido o trabalho desta importante divisão das empresas? Ela tem contribuído para um melhor desempenho das ações?

O primeiro contato do investidor ocorre geralmente via RI. Só isso já demonstra a importância desse departamento para o desempenho das ações das companhias. De acordo com Instituto Brasileiro de Relações com Investidores o (Ibri), um programa de RI “se mostra mais eficaz quando há estreitamento entre o valor percebido da empresa, por investidores e analistas, e seu valor intrínseco”. Ele “objetiva reduzir os descontos aplicados pelo mercado por conta da redução das incertezas, resultando na diminuição do ‘gap’ [distância] entre valor ‘justo’ da empresa e seu valor percebido pelo mercado”. Além de direcionar o preço da ação para um valor mais próximo do preço justo, o RI reduz a volatilidade da ação ao aumentar a previsibilidade dos resultados. Ou seja, a obtenção de um melhor preço para o papel e a redução da volatilidade são as metas de um bom programa de RI. Não é pouco. Em outras palavras, o RI tem o poder de elevar a riqueza dos acionistas.
Contudo, a maior parte dos controladores das empresas não compartilha dessa visão. No Brasil, o principal responsável pela área de RI é o diretor financeiro. Esse profissional divide sua atenção entre diversas funções. É um profissional que, muitas vezes, está distante da rotina da área. O departamento ainda é visto como centro de custo. Assim, é muito comum observarmos profissionais inexperientes atendendo os investidores. Como reflexo, a maior parte dos analistas e gestores preferem falar com o Presidente ou Diretor Financeiro. 
A atitude do profissional de RI deve ser proativa. Ele deve ser um vendedor equilibrado, prometendo apenas o que a companhia pode entregar. Não adianta informar estimativas oficiais não factíveis, pois a cotação pode até subir em um primeiro momento, mas a perda de credibilidade será danosa para o desempenho das ações no médio prazo. Um exemplo de proatividade ocorreu com a empresa de cadastramento de cartões Cielo recentemente. Na reportagem “Ação da Cielo cai com temor de risco político”, de 1/10/12, o repórter Felipe Marques informa que o presidente da companhia reuniu um grupo de analistas que cobrem a empresa em um almoço para discutir o tema “Parcelamento sem juros e incerteza política” já que as ações estavam apresentando forte queda.
Por outro lado, um exemplo de falta de proatividade tem ocorrido durante os períodos de divulgação de resultados. O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim) emitiu, em 2009, um pronunciamento de orientação padronizando “os procedimentos com relação a um período de silêncio antes da divulgação das demonstrações contábeis, como forma de contribuir para a adoção de boas práticas de governança corporativa”.
O pronunciamento diz que as companhias não devem “divulgar informações privilegiadas sobre seus resultados, a pessoas fora do âmbito dos profissionais envolvidos, durante o período de preparo e aprovação dessas demonstrações contábeis”. Mas o próprio pronunciamento informa: “Por outro lado, todas as outras informações rotineiras da empresa, devem continuar a ser transmitidas ao mercado para não prejudicar o acompanhamento de suas atividades pelo público estratégico”. Pois bem. É bom que as associações que compõem o Codim saibam que muitas áreas de RI têm se utilizado do pronunciamento para evitar qualquer contato com analistas, gestores e investidores.
Na última semana, entrei em contato com uma companhia a fim de perguntar sobre um lançamento tributário que a companhia havia feito no passado. Eu não tinha qualquer interesse em falar sobre o resultado trimestral, até porque sou cético em relação ao ganho obtido com essa informação (veja post “A importância exagerada dada aos resultados trimestrais”, de 17/10/11). A área de RI disse que não podia me atender, pois estava em “período de silêncio”. Essa companhia possui cobertura de apenas três analistas. Um novo contato deveria ser comemorado. Mas não. A companhia preferiu se esconder atrás do período de silêncio.
Essa omissão pode ser danosa. Ano passado, uma gestora avaliou, em sua carta aos cotistas, que algumas companhias estariam usando a chamada ‘contabilidade criativa’ (ou agressiva) na hora de apresentar seus dados. Embora o texto não citasse nomes, o mercado associou o conteúdo a duas companhias. Uma das empresas alegou que não podia combater os rumores, pois estava em “período de silêncio”. No meu entendimento, o pronunciamento não impedia que a companhia viesse ao mercado esclarecer a situação. Esses exemplos mostram que o mau uso da orientação do Codim começa a prejudicar as próprias empresas.
Do jeito que a coisa vai, não demorará a assistirmos o inusitado diálogo entre um analista e um profissional do RI:
“Gostaria de obter o endereço da sede da empresa, por favor.”
“Desculpe, mas não poderei atendê-lo. Estamos em período de silêncio.”

Os riscos das gestoras ao investir em ações de cias estrangeiras



O número de gestoras brasileiras que tem aplicado em mercados acionários estrangeiros está aumentando. Conheça os prós e contras dessa estratégia.
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, apresenta elevada volatilidade em decorrência de a composição do índice ser muito concentrada em ações de produtoras de commodities e de instituições financeiras. Assim, a bolsa brasileira torna-se mais volátil do que a bolsa americana, apesar da crise vivida pela economia americana, envolvida com rebaixamento de rating, risco de insolvência fiscal e política monetária expansionista. Veja o post “O Ibovespa é mais arriscado do que o S&P 500. Até quando?”, de 17/02/12.
Além disso, essa composição do índice faz o nosso mercado refletir com maior intensidade a crise externa. Por exemplo, as ações de Vale (VALE5) são influenciadas pela baixa demanda da economia mundial e as incertezas sobre a economia chinesa, enquanto a crise bancária europeia indiretamente impacta as ações dos bancos brasileiros. O post “Vamos investir em ações no exterior? Em busca da diversificação”, de 28/08/12, mostra que nos dois últimos anos o Ibovespa só superou os índices francês e espanhol, ficando atrás do alemão, inglês, mexicano e americano.
Por fim, as ações com liquidez razoável das companhias mais procuradas da bolsa brasileira, aquelas cujas atividades operacionais são voltadas para o mercado doméstico, já apresentam múltiplos esticados.
As três características acima impulsionam os gestores brasileiros a buscar ativos no exterior, como mostrado na reportagem de Silvia Rosa “Gestor brasileiro aposta em ações dos EUA”, de 1/10/12. Adicionalmente, a economia não apresentou crescimento robusto nos dois últimos anos, o que tirou apetite pela bolsa local.
Embora essa diversificação geográfica faça sentido de forma a dar um maior equilíbrio risco-retorno da carteira, tenho algumas dúvidas sobre a tática.
Caso a equipe das gestoras aumente o número de empresas cobertas sem fazer novas contratações, a qualidade da análise tende a se reduzir. Muitas casas “vendem” a seus investidores o discurso de que analisam as companhias integrantes de seu portfolio de forma minuciosa, tentando abranger todos os ângulos: fornecedores, clientes, concorrência, aspectos legais. Aumentando o escopo das companhias avaliadas, a análise tende a ser mais superficial. Além disso, questiono a vantagem competitiva de uma equipe de brasileiros baseada em São Paulo entender em detalhes o sistema tributário e o ambiente regulatório de países tão distintos.
Assim, a escolha dos ativos passa a basear-se em metodologias de mais fácil comparabilidade, como múltiplos – FV/EBITDA, P/L (preço por lucro) –, por exemplo.
Essa análise mais superficial também incentiva a seleção com base na tese de investimento das companhias. Isso ocorreu muito durante o boom de aberturas de capital de empresas brasileiras até 2007. Os investidores estrangeiros observavam mais o setor em que as companhias atuavam e sua correlação com a dinâmica da economia brasileira do que a própria empresa em si. Assim, a decisão de investimento baseava-se em um pensamento simplista: “a logística/educação/saúde/construção civil é um entrave ao desenvolvimento do país, vai haver investimentos, então vamos comprar as ações das empresas do setor”. Se o segmento econômico que preenchesse a lacuna desse sentido à frase, as chances de atrair investidores aumentavam.  Parece pueril, mas observei essa lógica em diversas reuniões que tive com estrangeiros. Por isso, o “discurso de venda" adotado pelos bancos de investimento brasileiros realçava mais os aspectos macroeconômicos.
Temo que os investimentos das gestoras brasileiras no exterior adotem o raciocínio acima, ou seja, decisões de investimentos baseadas unicamente em múltiplos e em teses de investimento.
O aumento do número de empresas analisadas demanda contratação de mais gente. As gestoras arcarão com esse custo adicional? E vou além: conseguirão obter pessoas qualificadas para analisar companhias estrangeiras? É bom o cotista desses fundos fazer essas indagaçôes às próprias gestoras

O importante é fugir da inércia


A decisão de embolsar os lucros decorrentes da valorização das aplicações em títulos públicos federais negociados no Tesouro Direto é tentadora. Afinal, dinheiro não aceita desaforos.

A NTN-B Principal com vencimento em 2035, por exemplo, comprada no começo de agosto de 2011 pelo preço de cerca de R$ 500 pode ser vendida hoje por quase R$ 900. É um ganho de 80% no período, maior do que qualquer aplicação de risco semelhante. O problema é encontrar novo ativo para reaplicar os recursos. Reportagem de Flavia Lima e Alessandra Bellotto, do Valor, trouxe a opinião de diversos especialistas sobre o tema, a maioria sugerindo manter os investimentos.
Para quem comprou o papel sem objetivo definido, a oportunidade de vender o título de longo prazo com lucros extraordinários deve ser seriamente avaliada. Se a motivação para o investimento foi o temor com a inflação no curto prazo, sem a intenção de manter o papel até o vencimento, em 2035, a decisão mais prudente é vender os títulos, mesmo pagando IR maior. Os recursos podem ser reinvestidos em títulos mais conservadores ou de prazo mais curto.
Mas o investidor pode, também, ser mais agressivo e querer modificar o perfil de risco da carteira. Por exemplo, tendo em vista que os papéis prefixados de longo prazo pagam, atualmente, juros maiores do que os de prazo mais curto, o alongamento dos vencimentos pode proporcionar ganhos expressivos. A forma de tributação das aplicações no Brasil pune as estratégias que visam adequar a composição da carteira ao risco que o investidor pretende correr. Mas não é razão para manter a inércia.

Lucro da Ambev aumenta 48,7% e atinge R$ 2,51 bi



Por Daniela Meibak | Valor
SÃO PAULO - A Ambev registrou um lucro líquido de R$ 2,51 bilhões no terceiro trimestre de 2012, alta de 48,7% na comparação com igual período de 2012, quando o lucro somou R$ 1,69 bilhão. No acumulado de nove meses, o lucro foi de R$ 6,79 bilhões, alta de 21%.
A receita líquida da companhia da bebidas avançou 26% na comparação entre os terceiros trimestres de 2012 e 2011, passando de R$ 6,37 bilhões para R$ 8,04 bilhões este ano. Nos meses de janeiro a setembro, o montante aumentou da Ambev subiu 17,86%, para R$ 22,097 bilhões.
No Brasil, a receita líquida foi de R$ 5,13 bilhões no terceiro trimestre, alta de 17,8% na comparação com igual trimestre de 2011. A receita por hectolitro teve um crescimento de 17,5%. De acordo com a companhia, esse resultado foi beneficiada pelo calendário diferente de aumento de preços que, juntamente com a distribuição direta e um crescimento de dois dígitos nos volume de cerveja premium.
No terceiro trimestre o Ebitda da Ambev totalizou R$ 3,791 bilhões, aumento de 26,6% na comparação anual, e, nos nove meses, alcançou R$ 10,13 bilhões, crescimento de 16,8% na comparação anual.
O volume consolidado vendido pela companhia no terceiro trimestre subiu 1,5%, para 40,5 bilhões de hectolitros. No Brasil, a expansão foi de 0,2%. No segmento de cerveja, o mercado brasileiro registrou avanço de 0,2% e no de “RefrigeNanc”, a alta no país  foi de 0,4%.

Agenda do investidor para esta quarta-feira


A FGV (Fundação Getulio Vargas) publica a Sondagem do Setor de Serviços, indicador produzido mensalmente que informa as tendências de curto prazo e o estado geral das empresas do setor. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga o IPP (Índice de Preços ao Produtor) que mede a evolução dos preços de produtos na porta de fábrica, sem impostos e fretes, de 23 setores da indústria brasileira de transformação.
AmBev, sem crise: Lucro dispara em 50%
A AmBev (AMBV4) lucrou R$ 2,5 bilhões no terceiro trimestre de 2012 (3T12), alta de 53,1% na comparação com o lucro líquido ajustado do mesmo período do ano passado. A explicação da AmBev para o excelente resultado, apesar de um pequeno crescimento no volume de vendas de cervejas e refrigerantes no período, foi o aumento da receita líquida em 26%. Segundo a companhia, a principal causa dessa diferença foi o cronograma diferente para os aumentos de preços após o anúncio do reajuste de impostos pelo governo para o setor, que posteriormente foi adiado. Grande parte nos reajustes de preço ao varejo ocorreu no final desse último trimestre e a companhia aproveitou para repassar os impostos mais elevados e também os ajustes de preços que historicamente a companhia faz no quarto trimestre de cada ano.

outubro 30, 2012

Eike põe a mão no bolso, mas OGX afunda 15% na semana


Com o movimento, o empresário pode ter fixado um tipo de “teto” às ações 

Fernando Cavalcanti
Raymond James eleva preço-alvo para OGX
Os papéis da OGX acumulam desvalorização de 67% em 2012
São Paulo – A cartada de 1 bilhão de dólares de Eike Batista surpreendeu o mercado e foi vista como uma demonstração de confiança do controlador em sua empresa de petróleo, a OGX (OGXP3). Segundo analistas, o anúncio reduziu o risco das ações, mas o mercado continuou a torcer o nariz. Os papéis despencaram 14,8% na semana, para 4,49 reais.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite de quarta-feira, Eike informou que a empresa terá o direito de exigir que ela subscreva novas ações ordinárias ao preço de exercício de 6,30 reais cada até 30 de abril de 2014.
Com o movimento, o empresário pode ter fixado um tipo de “teto” às ações, mas sinalizou também que está disposto a pagar até 40% a mais por cada ação, caso a empresa necessite de caixa. Os papéis acumulam desvalorização de 67% em 2012.
“Sem a opção, o perfil de risco da empresa, em nossa visão, poderia subir rapidamente nos próximos doze meses”, explicam os analistas Frank McGann e Conrado Vegner, do Bank Of America Merrill Lynch. “Acreditamos que o movimento busca reduzir as preocupações dos investidores sobre a sustentabilidade da posição de caixa da OGX e a sua habilidade de levantar mais dinheiro caso necessário”, ressalta a analista Paula Kovarsky, do Itaú BBA
A operação
Um dos problemas, segundo a Fitch Ratings, está na destinação dos recursos a serem injetados na empresa. Caso o dinheiro vá para novas reservas ainda não desenvolvidas, o impacto seria negativo porque atrasaria o aumento na geração de fluxo de caixa. Os adiamentos sucessivos na entrada de dinheiro na empresa têm irritado os investidores.
“Por outro lado, se os recursos forem utilizados para acelerar a produção e agilizar o início da geração de fluxo de caixa, tal medida seria positiva para a qualidade de crédito. A Fitch observa que a opção de venda só poderá ser exercida, caso não estejam disponíveis opções de financiamento favoráveis”, ressalta Ana Paula Ares, analista sênior da agência, em nota.
Em entrevista à Bloomberg, Roberto Monteiro, diretor financeiro da empresa, disse que a iniciativa do empresário dará à OGX mais capacidade para disputar blocos de exploração que serão leiloados pelo governo na 11ª rodada da Agência Nacional de Petróleo. Segundo ele, a empresa também está interessada em comprar ativos de exploração de outras companhias.
Investimento
A confiança dos investidores na empresa corroeu em junho, quando os papéis despencaram 41% em apenas uma semana. O mercado recebeu mal o detalhamento sobre a vazão muito abaixo do esperado de dois poços no Campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos. Além disso, atrasos na produção minaram ainda mais o crédito da empresa na bolsa. Em julho, a Fitch chegou a cortar o rating da empresa.
A Citi Corretora retirou a OGX do incômodo posto de pior ideia de investimento do setor após o aporte do bilionário e a substituiu pela petroquímica Braskem (BRKM5). Ainda assim, o analista Pedro Medeiros, que assina o relatório, afirma que a OGX é um investimento de alto risco, devido ao risco inerente associado com a exploração e o seu relativamente pequeno fluxo de caixa de curto prazo.

UBS vai cortar 10 mil empregos em retirada de renda fixa


O banco vai isolar e fechar gradualmente as atividades de renda fixa que não são mais lucrativas

Katharina Bart, da 

Zurique - O banco suíço UBS revelou planos nesta terça-feira para uma retirada gradual de seus negócios em renda fixa e demissão de 10 mil funcionários, em um momento no qual se adapta a regras de capital mais rígidas desde a crise financeira.
O UBS vai se concentrar nas operações de private banking e em banco de investimento de menor porte, se afastando de grande parte dos negócios que foram responsáveis pela maior parte de suas perdas de 50 bilhões de dólares desde o início da crise financeira.
A cifra inclui os 2,3 bilhões de dólares perdidos pelo operador Kweku Adoboli, que está sendo julgado por acusações de fraude e contabilidade falsa.
O presidente-executivo do UBS, Sergio Ermotti, um ex-banqueiro do Merrill Lynch e do UniCredit que assumiu o posto depois do escândalo que envolveu Adoboli no ano passado, está liderando a reformulação de três anos, que tem como meta economizar 3,4 bilhões de francos suíços (3,6 bilhões de dólares), além dos cortes atuais de 2 bilhões de francos.
O banco vai isolar e fechar gradualmente as atividades de renda fixa que não são mais lucrativas como resultado das regras de capital mais rígidas sobre operações mais arriscadas introduzidas por governos após a crise.
As medidas correspondem a um corte de 15 por cento do quadro de funcionários, reduzindo a equipe do banco de 63.745 funcionários para 54 mil.
Cerca de 2.500 empregos serão cortados na Suíça, com o restante principalmente em Londres e nos Estados Unidos.
O restante do banco de investimento --ações, operações de câmbio, assessoria corporativa e corretagem de metais preciosos-- serão administrados por Andrea Orcel, um recente contratado por Ermotti vindo do Bank of America.
"O impacto líquido de todas as essas mudanças será transformador para a instituição", disseram o presidente do conselho, Axel Weber, e Ermotti, em carta a acionistas. "Nossos resultados serão menos voláteis, mais consistentes e de alta qualidade."

Agenda do investidor para esta terça-feira


A FGV (Fundação Getulio Vargas) divulga o IGP-M, índice de inflação calculado todo o mês e comumente utilizado para a correção de contratos de aluguel e tarifas de energia elétrica. O Banco Central publica a Nota de Política Fiscal com os dados sobre o montante e composição da dívida pública federal. Nos EUA a S&P divulga o Índice de Preços de Moradias S&P/Case-Shiller referente ao mercado imobiliário residencial norte-americano. No Japão começará a reunião do comitê de política monetária do Bank of Japan.
Bolsa de Nova Iorque emite alerta
A Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE, na sigla em inglês) emitiu um alerta ontem à noite anunciando que as negociações em todos os tipos de mercado estarão suspensas novamente hoje e não se sabe se voltarão amanhã. Esta é a primeira vez em mais de um século que um evento atmosférico impede o funcionamento da mais importante bolsa de valores do mundo. Protocolos de emergência serão acionados nesta tarde caso os mercados norte-americanos continuem fechados amanhã por caso dos estragos causados pela chegada do furacão Sandy à costa leste dos EUA. Na Europa, as principais Bolsas mostram sinais de recuperação nesta manhã com o resultado de balanços vindo melhor do que o esperado.

COMUNICADO AO MERCADO Período de Silêncio



Technos S.A.
Companhia Aberta
CNPJ/MF nº 09.295.063/0001-97
NIRE 33.3.0029837-1

COMUNICADO AO MERCADO
Período de Silêncio

Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2012 - A Technos S.A. informa que divulgará o resultado referente ao 3° trimestre de 2012 no dia 12 de novembro, segunda-feira, após o fechamento do mercado. Tendo em vista as regulamentações impostas às companhias abertas, assim como em cumprimento à instrução CVM 358/02, informamos que entre 29/10/2012 (inclusive) e 12/11/2012 (inclusive), estaremos em período de silêncio, sendo vedada a negociação de ações da Companhia (BM&F Bovespa: TECN3) para seus funcionários e membros do conselho de administração.

PeríodoEvento
29/10/2012 a 12/11/2012Vedada a negociação de ações de emissão da Technos
12/11/2012Divulgação de resultados (após fechamento do mercado)
13/11/2012Liberada a negociação de ações de emissão da Technos
13/11/2012Teleconferência para a divulgação de resultados:
Português 11h00 (tradução simultanêa)

Para informações adicionais, entre em contato com a Área de Relações com Investidores da Companhia:
Thiago Picolo, Diretor Financeiro e de RI
Daniela Pires, Coordenadora de RI
ri@grupotechnos.com.br
+55 (21) 2131-8909